No entanto, este é um tema bastante espinhoso por envolver interesses vários, de muitas partes diferentes e, na maioria das vezes, divergentes entre si, além de uma longa história, nem sempre feliz, de encontros, desencontros e toda uma politicagem.
Vamos procurar, neste capítulo, elucidar as várias arestas desta matéria, fornecendo, deste modo, elementos para que se tenham alguns vislumbres de todas estas mencionadas dificuldades.
E iniciamos informando que iremos encontrar, já de imediato, dois grupos de evangelhos: Os Evangelhos canônicos (1) e os tidos como apócrifos (2). Os canônicos são os aceitos comumente, compondo atualmente o Novo Testamento.
E, quanto aos apócrifos? Bem, estes são vistos como heréticos (3), por boa parte da dita cristandade, tendo sido rejeitados desde o início, não chegando a fazer parte da compilação da Bíblia. Posteriormente, se juntaram a estes os pergaminhos achados em Nag Hammadi (2). Não entraremos aqui no mérito da questão, ou seja, se são falsos, verdadeiros... Ou o que for.
Entretanto, como surgiram todos esses evangelhos?
Logo após o início da Era Apostólica (onde ocorreu a divulgação massiva dos ensinamentos de Jesus, pelos apóstolos e, particularmente, por Paulo de Tarso), foram aparecendo uma enxurrada de textos (pergaminhos e etc.) atribuídos aos apóstolos ou àqueles que estiveram junto a Jesus e, principalmente, relacionando-os aos seus ensinamentos. Podemos ter uma vaga ideia desta questão através dos livros de Hermínio C. de Miranda, Histórias que os Espíritos Contaram, onde existem depoimentos de alguns Espíritos falando acerca destes fatos.
Assim, chegando à fundação da Igreja Católica, após Constantino ter firmado o Cristianismo como a religião oficial do estado romano, a Igreja sentiu a necessidade de definir quais textos deveriam ser aceitos e quais não, em razão do emaranhado e a enorme quantidade de textos existentes (diga-se de passagem, conhecidos à época). E, daí, já nasceu à primeira problemática, porque, esta definição – de canônico e apócrifo – veio da visão (conhecimento, aceitação, cultura e etc.) de alguém que determinou isso é aceito e isto é heresia (3).
Além deste aspecto, vamos encontrar ainda a manipulação e adulteração dos textos evangélicos pelos Pais da Igreja e por outros, visando atender a determinados objetivos políticos, religiosos e etc. Este é um segundo problema não muito bem aceito em alguns círculos e sobre o qual não gostam muito de falarem a respeito (principalmente, pelos que consideram a Bíblia como a palavra final de Deus), porém, de fato, existiram adulterações e muitas. Sobre esta realidade, pesquisadores mais sérios concordam. Apesar de não se ter definições precisas de até onde as adulterações foram levadas a efeito.
Continuando, vamos encontrar um terceiro problema (atualmente, mais em voga): A questão das traduções. No que se refere a esta face, na realidade, ela já vem de longa data, não é de agora, aliás, ela teve início quando os Evangelhos foram vertidos para o grego, em torno dos séculos II ou III depois da morte de Jesus. Até hoje, também, não se chegou a um consenso definitivo acerca desta questão. Mas, não vamos entrar em maiores minudências sobre isto, por não ser nosso foco principal. O que desejamos pontuar e demonstrar é a existência de toda uma problemática em torno dos Evangelhos. Portanto, nem vamos adentrar aqui sobre os mais diversos problemas (históricos, literais, culturais e etc.) relativos às traduções ao Português e outras línguas. Sobre isto existe uma farta literatura, tanto no meio espírita quanto fora dele.
Aqueles que queiram ter uma ideia mais ampla de tudo isto, podem recorrer a uma das fontes mais fáceis de consulta: O site Wikipédia (4), fora outras que existem na Internet, mais ou menos confiáveis. Ali, poderão encontrar muitas informações sobre os diversos temas que ora estamos tratando aqui; ou, senão, podem acorrer à literatura mais específica, quer do meio espírita ou não. No meio espírita temos autores consagrados que abordaram, em diversos níveis, tais assuntos. Podemos citar, por exemplo: José Herculano Pires, Hermínio C. de Miranda, e, nos dias atuais, Haroldo Dutra Dias e alguns outros.
Entretanto, como surgiram todos esses evangelhos?
Logo após o início da Era Apostólica (onde ocorreu a divulgação massiva dos ensinamentos de Jesus, pelos apóstolos e, particularmente, por Paulo de Tarso), foram aparecendo uma enxurrada de textos (pergaminhos e etc.) atribuídos aos apóstolos ou àqueles que estiveram junto a Jesus e, principalmente, relacionando-os aos seus ensinamentos. Podemos ter uma vaga ideia desta questão através dos livros de Hermínio C. de Miranda, Histórias que os Espíritos Contaram, onde existem depoimentos de alguns Espíritos falando acerca destes fatos.
Assim, chegando à fundação da Igreja Católica, após Constantino ter firmado o Cristianismo como a religião oficial do estado romano, a Igreja sentiu a necessidade de definir quais textos deveriam ser aceitos e quais não, em razão do emaranhado e a enorme quantidade de textos existentes (diga-se de passagem, conhecidos à época). E, daí, já nasceu à primeira problemática, porque, esta definição – de canônico e apócrifo – veio da visão (conhecimento, aceitação, cultura e etc.) de alguém que determinou isso é aceito e isto é heresia (3).
Além deste aspecto, vamos encontrar ainda a manipulação e adulteração dos textos evangélicos pelos Pais da Igreja e por outros, visando atender a determinados objetivos políticos, religiosos e etc. Este é um segundo problema não muito bem aceito em alguns círculos e sobre o qual não gostam muito de falarem a respeito (principalmente, pelos que consideram a Bíblia como a palavra final de Deus), porém, de fato, existiram adulterações e muitas. Sobre esta realidade, pesquisadores mais sérios concordam. Apesar de não se ter definições precisas de até onde as adulterações foram levadas a efeito.
Continuando, vamos encontrar um terceiro problema (atualmente, mais em voga): A questão das traduções. No que se refere a esta face, na realidade, ela já vem de longa data, não é de agora, aliás, ela teve início quando os Evangelhos foram vertidos para o grego, em torno dos séculos II ou III depois da morte de Jesus. Até hoje, também, não se chegou a um consenso definitivo acerca desta questão. Mas, não vamos entrar em maiores minudências sobre isto, por não ser nosso foco principal. O que desejamos pontuar e demonstrar é a existência de toda uma problemática em torno dos Evangelhos. Portanto, nem vamos adentrar aqui sobre os mais diversos problemas (históricos, literais, culturais e etc.) relativos às traduções ao Português e outras línguas. Sobre isto existe uma farta literatura, tanto no meio espírita quanto fora dele.
Aqueles que queiram ter uma ideia mais ampla de tudo isto, podem recorrer a uma das fontes mais fáceis de consulta: O site Wikipédia (4), fora outras que existem na Internet, mais ou menos confiáveis. Ali, poderão encontrar muitas informações sobre os diversos temas que ora estamos tratando aqui; ou, senão, podem acorrer à literatura mais específica, quer do meio espírita ou não. No meio espírita temos autores consagrados que abordaram, em diversos níveis, tais assuntos. Podemos citar, por exemplo: José Herculano Pires, Hermínio C. de Miranda, e, nos dias atuais, Haroldo Dutra Dias e alguns outros.
Entretanto, através deste pequeno introito, uma vez que nosso objetivo não é esgotar ou esmiuçar o tema, acreditamos ter dado uma pequena visão, porém suficiente, dos problemas com os quais nos deparamos ao abordamos os Evangelhos. Contudo, abstraindo-nos de todas estas problemáticas, havemos de convir que possamos tratar os Evangelhos, pelo menos, sob três ângulos diferentes: O histórico, o simbólico e o literário.
Quanto ao aspecto literário, não existem tergiversações ou discórdias a respeito. Os Evangelhos são um gênero único na literatura universal. Não são meros relatos, foram criados também, entre outras razões, como um convite à adesão ao Cristianismo. A sua primeira intenção não é a biográfica. Apresentam o Cristo como o messias, o filho de Deus e salvador da humanidade. Contém coleções de discursos, de parábolas e relatos, como o da Paixão de Cristo e sua ressurreição, entre muitos outros.
Agora, em relação ao aspecto histórico, encontraremos vários e sérios problemas a resolver. Um simples exemplo: A Estrela do Oriente! Não existem confirmações astronômicas sobre isto e as controvérsias são imensas. Existiu, não existiu. Teve, não teve. Apareceu, não apareceu e etc. Porém, este é um simples exemplo. Temos muitos mais! Mesmo, entre os próprios evangelistas, existem pequenas contradições históricas ou de narrativas. Porém, nosso objetivo não é tratar ou dissecar também esta questão, mas, tão somente, apontar e pontuar sua existência, para a qual não podemos agir como cegos e/ou como ignorantes, nos posicionando a margem como meros negadores e ponto final.
Bem, e, relativamente ao Mundo Espiritual: O que dizem sobre essas questões? A Espiritualidade Amiga aborda com bastante critério e muito cuidado, respeitando nossos limites, dificuldades e condições. Em grupos pequenos, sem muito alcance massivo, informam que os Evangelhos do Mundo Espiritual divergem bastante dos nossos, substancialmente (5). Porém, quando se reportam à grande massa, agem conforme descrevi anteriormente.
Podemos observar isto na pergunta 321, de o livro "O Consolador" (6): Qual a edição dos Evangelhos que melhor traduz a fonte original? Resposta: "A grafia original dos Evangelhos já representa em si mesma, a própria tradução do ensino de Jesus, considerando-se que essa tarefa foi delegada aos seus apóstolos. Sendo razoável estimarmos, em todas as circunstâncias, os esforços sinceros, seja qual for o meio onde se desdobram, apenas consideramos que, em todas as traduções dos ensinamentos do Mestre Divino, se torna imprescindível separar da letra o espírito. Poderia objetar que a letra deveria ser simples e clara. Convenhamos que sim, mas importa observar que os Evangelhos são o roteiro das almas, e é com a visão espiritual que devem ser lidos; pois, constituindo a cátedra de Jesus, o discípulo que deles se aproximar com a intenção sincera de aprender encontra, sob todos os símbolos da letra, a palavra persuasiva e doce, simples e enérgica, da inspiração do seu Mestre imortal."
E assim, somos convidados a fazermos – tão somente – uma abordagem simbólica! E é para esta abordagem que somos chamados por todos os Espíritos sérios. Por conseguinte, o que fica claro e indiscutível, na resposta de Emmanuel, é o imenso cuidado que devemos ter ao tratarmos os Evangelhos literalmente, ou seja, tão somente em seu aspecto histórico-literário, isto é, sem nos atentarmos ou nos esforçarmos para buscar "retirar o espírito da letra". E esta questão é de suma e tão grave importância que o próprio Codificador, Allan Kardec, não deixou de abordá-la. Assim, encontraremos na Introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo, em seus movimentos iniciais, isto é, logo nas primeiras linhas, na verdade, Kardec abre o referido livro, trazendo seus apontamentos, observações e chamando-nos a atenção para esta questão (7).
Seja como for, em seu conjunto, a Espiritualidade Amiga tem-se adequado ao nosso Evangelho, buscando, através de suas notas e apontamentos, nos orientar, nos ensinar, mostrar e demonstrar que eles "são um roteiro de vida", conforme tanto nos tem afirmado todos os Espíritos Benfeitores, desde Miramez, Emmanuel, Joanna de Ângelis a muitos outros, sem exceção.
Portanto, a Espiritualidade Amiga tem trabalhado, junto a nós, o lado simbólico dos Evangelhos. Ensinando-nos e orientando-nos a sempre tirarmos da letra que mata o espírito que vivifica.
E este é um ponto crucial, sobre o qual, não podemos nos esquecer em momento algum! Jamais! E, conforme nos assevera Allan Kardec (8): Todas as demais questões são objetos de controvérsias, mesmo no Mundo Espiritual mais próximo da Terra (9), mas, esta, é inatacável.
Nota: Para os estudiosos e/ou para aqueles que desejam um pouco mais de informações indico a melhor Bíblia nesse sentido, a Bíblia de King James para estudos. Não que considere seu texto o melhor, mas ela é bem interessante por trazer muitas referências e uma pequena introdução para cada autor da Bíblia, uma espécie de minibiografia e um mini-histórico do livro.