quarta-feira, 7 de maio de 2014

UM ET ENTRE NÓS


Já não quero mais pisar a ninguém, a nenhum ser vivo, seja ele árvore, planta, escorpião, insetos, aves, ou mamíferos... (...)  A partir desta vida, as únicas cobras, escorpiões e inimigos que pretendo pisar são os que trago na própria intimidade. 


Observando este grão de poeira perdido na imensidão cósmica e às pessoas que nele vivem, às vezes, me sinto como um verdadeiro ET. Se é que podes me compreender! Mas, é que vejo a Vida de forma tão diversa... Repudio tantas injunções que nos envolvem e nos arrastam em suas correntes velozes, furiosas, lamacentas...

Então, fico a cismar: O que estou fazendo aqui? Preferiria não lembrar os motivos e razões que, para cá, me trouxeram... Contudo, não posso, simplesmente, jogar os porquês nos porões do inconsciente. Não, não posso! Ao contrário, tenho de trazê-los à luz do dia da consciência, para serem conhecidos e devidamente analisados. Somente assim poderemos evitar novas quedas no futuro, conseguindo alçar-nos à promessa Daquele Mestre de olhar tão sereno, doce, sublime, mas percuciente! 

Sinto e sei que Ele sonda os corações em profundidade e sabe, muito bem, o que ali vai. O que ali é alimentado... Não há como se esconder... Então, por respeito a nós, Ele abaixa tristemente a cabeça... Diante Dele, não há como tergiversar! Aceito Suas palavras, ouço Suas propostas e sei, muito bem, que depende de mim mesmo o alcançá-las ou não! O Salvador vive em mim, em estado embrionário, é verdade. Se encontra em formação! Mas, um dia encontrará sua manjedoura...

Retomando... Convivendo tantos milhares de anos junto aos arborícolas terrestre, terminamos por assemelhá-los. Não houve outro jeito, foi uma questão de sobrevivência... Com toda certeza, necessidades de aprendizagem!,  evolutivas! Eles eram naquele então, e muitos ainda continuam sendo, por demais impermeáveis... recalcitrantes, como eu mesmo! Porém, tais circunstâncias são pedras de toque, de lapidação e de construção da escada evolutiva, a grande escada de Jacó (Gênesis 28:12).

Quanto a mim, foi necessário a vinda do Mestre Amor para nos ensinar os caminhos da felicidade e da paz. No entanto, incompreendido entre nós, selvagens e bárbaros, por ensinar-nos o sacrifício de si mesmo para alcançarmos a vitória sobre a própria inferioridade, fizemos cumprir todos os cânticos e profecias a seu respeito.

E Ele se deixou conduzir, como cordeiro ao matadouro. Humilde, rogou por nós! Sábio, preveniu-nos acerca de nossa jornada futura. Amoroso, comprometeu-se a ficar conosco até o fim dos tempos... Compreensivo, prometeu-nos consolo! Surpreendente, doou seu exemplo como bússola de salvação. Fatos que levaram à reação das Trevas da Ignorância a deturpá-lo de futuro! E muitos se locupletam, desde então, nesses pratos de iniquidade e incompreensão. Simples questão de ressonância e sintonia... 

Hoje, diferentemente de ontem, já não temo e nem tremo mais, porque, "Quem achar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim acha-la-á." (Mt. 10:39.) No entanto, naqueles idos... mesmo sob Seu impactante exemplo, ainda levei alguns milhares de anos para, enfim, compreender o norte que Ele nos apontava... a direção indicada. Contudo, antes de entender seus exemplos de amor, de tolerância, de aceitação, de altivez honrada, de esperança, de segurança, de humildade, de coragem, de equanimidade, também eu, participei na conspurcação de suas palavras e exemplos. E cheguei a andar muito longe de Seu amorável coração! Não que Ele tivesse se afastado de mim em algum momento, ao contrário, fui eu que me afastei Dele...

Mesmo ainda agorinha, um pulo, na ampulheta do tempo, usava suas orientações perenes para atender aos meus caprichos pessoais. Assoberbado, achando-me o tal! Mas, aprendi! Entre dores e ranger de dentes que somente a Verdade permanecerá de pé! Então, não importa o que se diz... e, muitas vezes, nem as representações que se faz...

Portanto, hoje, antes de qualquer outra palavra, procuro alinhar-me ao: Ouvistes o que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem e caluniam, para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos. Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis demais? não fazem os gentios também o mesmo? Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial. (Jesus, Mt. 5:43-48.)

Só neste trecho, é um tal "mundo" de informações, de sabedoria, de orientações... que até me pergunto se precisaríamos mais...

Ah, amado Mestre, o que estamos a fazer de nós mesmos e dos outros?! Ah, Senhor!, até quando perverteremos suas orientações? Até quando faremos opção pelas Trevas de dor e sofrimento em vez de aceitarmos as Luzes de paz e liberdade que nos ofereces?! 

Já não quero mais pisar a ninguém, a nenhum ser vivo, seja ele árvore, planta, escorpião, insetos, aves, ou mamíferos... Não Senhor! Ao contrário, Amado Mestre!, já me descobri! Não sou animal, sou um ser racional. Simplesmente, desejando ser mais humano! Não sou águia para despedaçar carne viva! Também, não sou leão para caçar presas!... Já não tenho mais inimigos... Não, não quero mais! Já sofri o suficiente as consequências das atitudes desavisadas, insensatas e imprudentes. A partir desta vida, as únicas cobras, escorpiões e inimigos que pretendo pisar são os que trago na própria intimidade. Quantos aos externos, desejo-lhes toda a felicidade que possam usufruir!

Hoje, a única guerra que desejo mover é aquela contra minhas imperfeições. É a única guerra justa e santa que conheço! Todas as demais foram repudiadas por Teu Amor: "Eu, porém, vos digo que todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e quem disser a seu irmão: Raca, será réu diante do sinédrio; e quem lhe disser: Tolo, será réu do fogo do inferno." (Jesus, Mt. 5:22.)

Aprendi, Senhor!, a duras penas - é verdade - que Tua palavra é Lei. Sim, posso afirmar. Pois, as vivi, as senti sobre a própria pele... Tanto na pele negra e amarela, na branca e na mestiça... Sim, sob todas elas aprendi que resgataremos até o último ceitil, conforme nos confirmastes: "Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil." (Mt. 5:26.)

Deste modo, diferentemente de muitos que desejariam ver acessas novas fogueiras da inquisição, apesar de nunca as terem apagados definitivamente, pois continuamente as alimentam com o combustível da intolerância, dos preconceitos, da ignorância, do se fingirem de surdos e cegos, como se tal postura os livrasse da ira porvindoura... Hoje, busco a paz, dentre outros elementos que nos ajudem a alcançar o nosso verdadeiro destino: Filhos de um Pai de Infinita Bondade! Numa palavra, de Amor!

Aos tolos e néscios! Até quando recalcitrareis contra os aguilhões da Verdade? Todas as dores pelas quais têm passado, ainda são insuficientes?... O que ainda necessitareis passar para vos despertardes?! Quantos aguilhões ainda havereis de sofrer? Será mesmo necessário sorver até a última gota do fel amargo?!

Se assim é de vosso desejo, então, que assim seja! Cumpra-se, então, a tua vontade! Equivocas, se imaginas que este é o meu desejo. De modo algum, simplesmente, é a Lei! A Lei Divina que avocamos sobre a própria cabeça. E todos nós temos o direito de fazer tal escolha. Mas, não se preocupes, como todos nós, poderemos repetir a classe quantas vezes quisermos, mesmo que entre choro e ranger de dentes. Sim, são os aleijões de toda sorte: Físicos, emocionais... psicológicos...

Quanto a mim, conforme já disse, as últimas cotas e gotas que desejo sorver são as da tolerância, da aceitação, da compreensão, da sabedoria, da paz e da harmonia... Sei que o caminho a percorrer ainda é longo... Mas, ah!, uma consciência verdadeiramente desperta e tranquila é tudo de bom!