quinta-feira, 31 de julho de 2014

EXPLICANDO A ORAÇÃO DE MADRE TERESA...

Há alguns dias, além de postar no meu perfil do Facebook, enviei um episódio da vida de Madre Teresa, acerca da oração, para alguns pouquíssimos amigos. Assim, recebemos uma indagação curiosa acerca do tema:

"Qual a mensagem que devemos entender da Oração da Madre Teresa?"

Bem, acredito que a indagação se reporta ao contexto geral do episódio, ao conteúdo moral que podemos cotejar do mesmo e não à oração em si de Madre Teresa. Portanto, elaborando sob este aspecto, ouvimos dizer que o repórter ficou muito impressionado com a resposta de Madre Teresa, considerando-a de suma inteligência. Também nós outros pensamos assim!

Consequentemente, as ilações e aprendizagens que podemos auferir do respectivo relato, obviamente, será proporcional às capacidades e esforços de cada um na abordagem do mesmo. Por conseguinte, também a nossa resposta será apenas uma pincelada de como vemos a questão, de como a compreendemos dentro de nossas limitações e dificuldades intelectivas-emocionais. Então, não temos a pretensão de esgotarmos o assunto ou de dar a ele a última palavra.


A ORAÇÃO DE MADRE TERESA...

Um repórter perguntou para Madre Teresa de Calcutá:
- Madre, o que a Senhora pede a Deus quando ora?

Ela o ouviu com atenção e respondeu:
- Ahhh, meu filho, eu não peço nada. Apenas escuto!

E o repórter considerou a resposta muito inteligente.
Então, devolveu com outra pergunta inteligente:
- E o que Ele diz à Senhora?

E Madre Teresa lhe respondeu:
- Nada! Ele apenas escuta!



Observamos no episódio não somente a grande sabedoria de Madre Teresa, mas, conjuntamente, um profundo  entendimento conquistado tanto de si mesma, bem como em relação à Vida e à Deus; e, igualmente, fica patenteado a paz, a aceitação e a tranquilidade granjeadas pela nossa abnegada irmã Teresa. Considerando que ela foi um dos personagens que viveu próximo a Jesus, entregando a Ele a sua vida, integralmente, não poderia ser diferente! "E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes." (Mt. 25:40.)

Quem compreende a Vida sabe que não é necessário algo pedirmos a Deus, o Nosso Pai, pois Ele de tudo sabe. E sabe melhor do que nós próprios, acerca das nossas necessidades e do que precisamos. Agora, nós outros, Espíritos que ainda engatinhamos nesta escala infinita de progresso, pedimos muito. Porém os nossos pedidos são - em sua maioria - em busca de vermos os nossos desejos, os nossos interesses, as nossas pretensões e etc. serem satisfeitos. Ou seja, que eles sejam passíveis de desfrute por nossa pessoa. Qual o significado disto? Significa que os nossos pedidos se fundam em nosso orgulho e em nosso egoísmo, na vivência da satisfação de nossas paixões e dos vícios a que nos filiamos, nas várias etapas de nossas vidas.

Entretanto, Deus sabe o que é melhor para nós. E SE ELE SABE, por que algo pedir-Lhe? Não é que não devamos pedir, ao contrário, mas que saibamos o quê pedir! No que se reporta a Madre Teresa, ela alcançou aquele patamar de compreensão e de entendimento, no qual somos capazes de abrir mãos dos nossos desejos, dos nossos interesses e etc. para buscarmos, na medida de nossas possibilidades e esforços, vivenciarmos as tentativas de fazer a Vontade Daquele que Tudo Sabe: Seja feita a Tua vontade (Mt. 6:10 e etc.). E, neste caso, existe alguma coisa a ser dito?

Pense ainda: A melhor e maior oração é a do trabalho! Quando tiverdes compreendido isto, saberás que a oração é, tão somente, um momento de comunhão!

Por outro lado, infelizmente, nós outros não sabemos escutar. Sequer escutamos a nós mesmos. Não sabemos ouvir acerca de nossas reais necessidades. E não ouvimos porque o EGO está à frente e em torno da Essência Divina, do Cristo em nós e de nossa Consciência. E, deste modo, como vivemos sob o império do Ego, os nossos interesses são distorcidos, ilusórios. O que nos leva a vivermos para a satisfação das paixões e dos vícios arraigados nas diversas personalidades, as quais apesar de se encontrarem submersas nos porões de nosso inconsciente, entretanto sempre encontra expressão no último personagem que trazemos ao palco da Vida. E isto vem ocorrendo ao longo dos milênios de vidas sucessivas que detivemos.

Deste modo, mesmo em que pese, vivermos numa verdadeira tempestade em alto mar, devido às ressonâncias das Ações-Reações, o Espírito encontra-se amalgamado, ou colorido, por estas expressões, vivendo numa profunda ilusão, alimentado pelo estado de consciência de sono ao qual nos submetemos de bom grado. E esta situação não mudará até nos dispormos a tal. Enquanto uma nova luz não luzir por entre as nuvens de tempestades e dos furações e vendavais a que nos encontramos submetidos, o quadro não tem perspectivas de mudanças.

Contudo, um dia, cansados de lutar contra as ondas de um mar bravio, veremos as possíveis luzes de uma nova alvorada e compreenderemos que estivemos caminhando numa direção equivocada. E, assim, animados com novas forças, nos disporemos ao bom combate. Então, começaremos a perceber que de fato Deus é um Pai de Misericórdia e de Amor, o qual, esteve o tempo todo nos convidando a um banquete diferenciado.

O que nos levará a entender que Deus é impessoal. Ele não interfere, nos convida. Ele nos chama ao trabalho, a uma nova vida, a novos rumos... porém, não obriga, não impõe! Não castiga, educa! Permitindo que quebremos as cabeças e as nossas caras, pois, afinal, tudo redundará em aprendizagem, em experiência... em educação... em crescimento! Então, Ele participa ativamente, mas não diretamente, na caminhada ou nas resoluções (decisões) de suas criaturas. Para tanto, dotou-nos Ele de livre-arbítrio, de inteligência, da capacidade de aprendizagem, da aptidão de evoluir (crescer), deu-nos a posse e a habilidade de escolher... Numa palavra, corou-nos com o poder de desenvolver vários atributos que se encontram, por hora, é bem verdade, dormentes, tal qual em uma singela semente se encontra uma estrondosa e imensa árvore, mas passíveis de serem desenvolvidos, desabrochados... na conformidade de nossos interesses, dedicação e esforços.

Em outras palavras, Ele nos propicia todo o material, tudo de que necessitamos... A nós, apenas nos compete o desejo, a vontade e o trabalho de crescer, de florir e de produzir frutos. No final, somos as sementes, as plantas e os jardineiros do Criador. O campo se encontra à nossa frente e, deste modo, laborando a nossa gleba e auxiliando o próximo, podemos chegar a ser Seus engenheiros siderais na obra de expansão e crescimento do Universo e das criaturas que virão após nós mesmos. "Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também" (Jo. 5:17).

Se não conseguimos trazer à baila todo o conteúdo que tínhamos desejo de transmitir, nestas singelas linhas, os remetemos e pedimos que leiam e reflitam sobre os outros artigos que escrevemos acerca de Deus, os quais se encontram publicados em nossas páginas e blogs. Quem sabe eles poderão ajudá-los a arregimentar acerca de Deus um pouco mais do que tentamos transmitir nestas rápidas linhas.

Resta-nos desejar e fazer votos do melhor para todos!



(Sujeito à revisão do texto. Publicado em 31/07/2014.)



terça-feira, 29 de julho de 2014

A GUERRA NA FAIXA DE GAZA

Caros amigos e amigas, irmãos e irmãs;

Abençoe-nos Jesus os esforços de crescimento e maturidade.

Estamos em tempos de transição. Vivenciamos momentos onde estamos definindo nossos destinos futuros [1], quanto  à permanecermos ou não no abençoado planeta Terra. O nosso amado planeta vem, desde os albores de 1857, se preparando, conjuntamente com suas humanidades, encarnadas e desencarnadas, para adentrarem em um novo estágio: O de Planeta de Regeneração.

Entretanto, consciências existem [2] que estão lutando para tal não se suceder, como se conseguissem deter os movimentos das ondas do mar. Portanto, em uma luta inglória e sem possibilidades de concretização, optaram, uma vez que não se torna possível barrar as ondas de progresso e evolução, destruir a civilização até o momento conquistada por entre suor, sangue e lágrimas, em um ímpeto de orgulho desmedido e extremado egoísmo, trazendo dificuldades ingentes para os que herdarão a Terra de um novo mundo.

Jesus em seu coração amoroso, solicitou aos demais Cristos e ao Demiurgo Solar, um prazo para que as humanidades terrícolas tomassem tento e, nesse prazo, vivenciando um mundo mais globalizado, onde as luzes do Consolador Prometido estariam iluminando e esclarecendo corações, pudessem conquistarem maior entendimento e fraternidade entre si, e, deste modo, fizessem opção pela paz, pelo bem, pela confraternização universal. Abrindo mão da espada e das armas de guerra, da intolerância e dos instintos mais primários, preferindo a abençoada charrua da caridade, da amorosidade, da tolerância, do perdão e da compreensão.

O prazo solicitado está a findar por volta do ano 2020. No entanto, inteligências perversas querem ver a Terceira Guerra Mundial declarada pelos meados do ano de 2017. A qual irá trazer consequências imprevisíveis, do ponto de vista humano, pois que, a Terra está sob o comando de seu Governador, Jesus, o Cristo de Deus, o qual permitirá que o próprio Planeta, que nunca esteve sem seu comando ou concurso, dê um basta aos desmandos daqueles que teimam oporem-se ao Bem e que buscam o Mal, numa ânsia de satisfação de suas paixões, de seus caprichos e vícios mesquinhos e insensatos.

Dentro da perspectiva infantil e beligerante do Mal é que estamos presenciando os movimentos bélicos em algumas partes do mundo [3], mormente, na Faixa de Gaza, onde as inteligências citadas, lutam para que seja o estopim do desenrolar de tristes e lamentáveis acontecimentos, que já pontuamos acima.

E estas Sombras se espalham pela face do Planeta, buscando não somente os incautos, mas a todos aqueles que lhes sintonizem as faixas de ódio, de rancor, de despeito, de preconceitos, de imprudência, arrebanhando os invigilantes e os desprevenidos de toda sorte.

A hora nos requer, mais do que antes, atentarmos ao chamado de Jesus ao Vigiai e Orai, para não cairdes em tentação.






Estejamos atentos para não nos sintonizarmos com chamados tais [4]; como o acima, pois ele não está tratando a questão com isenção. Desconhecemos os meandros de um movimento que nos escapa aos nossos parcos sentidos e que nosso olhar não consegue vislumbrar muito além de nossas próprias dificuldades.

Iremos ver convocações diversas, de ambos os lados [4]. Entretanto, numa guerra, nenhum dos lados tem mais razão ou justificativas do que o outro. Lembrem-se: Desconhecemos as questões históricas da região e as demandas de cada povo, ou o que seus governantes fizeram, ao longo do tempo, com os recursos que detiveram, mesmo que momentaneamente, em mãos. E se agiram e hoje se encontram na situação em que os observamos, foi, como todos os que detém as rédeas de fugaz poder, o fazem: Sob o beneplácito de seus governados, seja de um modo ou de outro. E isto é equivalente para ambos os lados da questão.

Meus irmãos e irmãs, em vez de nos senhorearmos para um lado ou outro [4], busquemos antes a PRECE para estes irmãos desavisados, de ambos os lados, tanto os da vida física, quanto da Vida Imaterial, os quais se tornam e se colocam na condição de instrumentos de angústia, de dor e de infelicidades. Não somente peçamos, mas nos coloquemos disponíveis aos irmãos e irmãs mais velhos e esclarecidos que trabalham no mundo, sob a égide de Jesus, pelos novos tempos, por tempos de paz, de renovação e prosperidade para todos os povos do planeta, dando assim, a eles, elementos para trabalharem pela paz em nossa querida e amada Terra.

Não sejamos nós outros instrumentos das Sombras, antes busquemos a luz da PRECE, a luz da ORAÇÃO, da meditação, trabalhando pela sintonia com Aquele Que Governa Todos os Destinos do Mundo Terra, Jesus, dando aos seus trabalhadores subsídios para algo fazerem em benefício de todos nós!

Evitemos espalhar as chamas do ódio e de desavenças [4], sintonizando assim com Forças Sombrias que nada mais querem do que ver o mundo crepitar em desarmonias, desentendimentos e partidarismos aviltantes.

Seja Jesus o nosso guia, seja Ele a luz das nossas vidas. E com Ele possamos trabalhar pelo bem comum, pela tolerância, pela confraternização e pelo esclarecimento.

Abençoe-nos Jesus hoje e sempre!

Um amigo e irmão!


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[1] Muitos de nós, estamos vivenciando as nossas últimas oportunidades reencarnatórias na face da Terra. Nesta presente encarnação estamos definindo se vamos poder continuar habitando a Terra ou se estamos sintonizando com as faixas dos exilados.
[2] Nos dois Planos da Vida, o material e o espiritual.
[3] Rússia, Coreia do Norte, algumas regiões da África e Paquistão com a Índia são as mais comburentes entre outras.
[4] "Lembre-se de que o mal não merece comentário em tempo algum." (André Luiz, Agenda Cristã, cap. 9 - Nas Conversações.)




segunda-feira, 28 de julho de 2014

ESPIRITISMO VERSUS MISTICISMO

(EM BUSCA DA PUREZA DOUTRINÁRIA)
- Texto escrito em 2003 e revisado em 2014.


Olá!


Já de início necessário se faz distinguirmos entre Espiritismo e Movimento Espírita. Estes dois polos deveriam andar de mãos dadas, mas, infelizmente, nem sempre isto acontece; porquanto, um sendo movimento "dos" Espíritos, o outro (o Movimento Espírita), logicamente, é um movimento dos homens. E aí jazem as grandes diferenças; pois, um segue com fidelidade os postulados e orientações de Jesus, enquanto  o outro segue os entraves e aborrecimentos dos homens.

Obviamente, quando dizemos que o Espiritismo é a Doutrina DOS Espíritos, estamos nos referindo aos Espíritos Superiores e não a todo e qualquer Espírito, pois entre estes os há de vários níveis ou categorias, isto é, em variadas posições evolutivas, de onde encontramos os inferiores e superiores. Mas para entendermos melhor esta questão, remeteremos nossos leitores e leitoras ao tópico 100 - Escala Espírita - de O Livro dos Espíritos.

Dentro das hostes dos Espíritos Inferiores existe um movimento para denegrir, deturpar, poluir e distorcer o Espiritismo. E eles estão agindo sabiamente, se infiltrando dentro do Movimento Espírita, e, assim, utilizando a própria força do oponente, vem minando-o pouco a pouco com deturpações, ou seja, aproveitando-se das fraquezas e imperfeições humanas, estão conseguindo "poluir" o Espiritismo, tal como fizeram com o Cristianismo.

Na verdade, tais corações apegados e/ou serviçais de Mammon (e, dentro deste contexto, vemos aí os que não desejam a realização da reforma moral de si mesmos, por conseguinte, não querem a reformulação ou mudança íntima conducente ao crescimento pessoal - emocional-mental-espiritual -, portanto, não apreciam abrir mão dos prazeres viciosos e viciantes da carne, seja quanto encarnados ou desencarnados) lutam pela não instauração do Cristianismo na Terra. Tentando, desvairadamente, adiar indefinidamente esta hora. Assim, tudo tem feito para que esta nova era não aconteça, desde o início. Por enquanto, eles têm conseguido realizar seu intento. Primeiro, deturpando o Cristianismo nascente; depois, conseguiram derrubar vários movimentos que vieram restaurar-lhe a divina claridade (Reforma Protestante com John Wycliffe, Jan Huss, Jeronimo de Praga, Martinho Lutero e outros), mais uma vez, usando do mesmo expediente de se unir ao inimigo. Como temos exemplos de sobejo a este respeito ao longo da história humana, acreditamos ser desnecessário fincar pé neste aspecto.

Diante de tais circunstâncias, veio o Consolador Prometido por Jesus, chegando ao mundo através das mãos de seu discípulo Allan Kardec, para reviver e revigorar seus ensinamentos e orientações para esta humanidade combalida e sofrida; no entanto, o movimento das Sombras não se fez por esperar. E hoje nos encontramos em uma situação tão grande de balburdia que chegamos ao ponto, quando nos falta estudo e interesse de investirmos no mesmo, não sabermos o que é Espiritismo e o que não é.

Chegamos ao absurdo de ver o Controle Universal do Ensinamento dos Espíritos se transformar em um Descontrole Universal, onde cada Espírito dá ou transmite as suas opiniões pessoais acerca de acontecimentos, personagens históricos ou não necessariamente, passando ensinamentos e etc que vão em flagrante contradição ao que outro Espírito disse ou transmitiu. Estamos revivendo a época da Torre de Babel.

Seja como for, esta situação foi predita por Jesus em várias passagens de seu Evangelho de Luz [1] e também foi alertada por vários Espíritos Amigos, mormente Humberto de Campos ou Irmão X em várias de suas crônicas, apólogos e contos [2].

Enquanto isto, os avisos pouco significados tiveram, pois as instituições organizadas do Movimento Espírita se perdem numa barafunda de dificuldades tipicamente humanas, deixando o barco correr à matroca, em nome da liberdade, do respeito, do direito e etc. etc. etc.... Instituições estas que deveriam ser dos primeiros a zelar pela Doutrina, fazendo e organizando campanhas de esclarecimento junto à sociedade, ou, mais especificamente, próximo às diversas agremiações espíritas ou tidas como tal, senão, ao menos, relativamente às suas filiadas, esclarecendo e orientando o que é o Espiritismo e o que ele não é.

Porém, as diversas organizações mestras do Movimento Espírita preferem lutar e brigar desesperadamente pela questão da Unificação [3], enquanto deixam ao léu a pureza doutrinária legítima e não a que os homens votaram que fosse. Alguns podem não aceitar a realidade deste fato e contra argumentarão sofisticamente em contrário, entretanto, o fato é que ao grande público e aos frequentadores das agremiações espiritistas não chegam informações e orientações quanto ao que é e o que não é o Espiritismo [4].

Por outro lado, existe sim, um pequeno grupo pelejando pela pureza da doutrina, mas sua voz está enfraquecida alcançando apenas um pequeno grupo de pessoas... Enquanto isto, um batalhão de gente corre o risco (aliás, isto já está acontecendo) de chafurdarem-se nos meandros das superstições, do misticismo, do orientalismo e do africanismo propagado e propalado por entidades tidas como espiritistas, mas que, na verdade, de espírita guarda apenas o nome e não os seus princípios libertadores.

O nosso intuito não é de coibir quem quer que seja de frequentar onde considere mais de seu agrado e tão pouco de denegrir instituição alguma, mas tão somente informar o que é Espiritismo e o que ele não é, dando ferramentas para os interessados escolherem e definirem os próprios rumos. E quanto a isto não podemos nos omitir. Ou como disse Deolindo Amorim em seu livro: O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas:


"Todas as doutrinas, como todos os credos sejam quais forem as suas origens, nos merecem o mais justo respeito. Não pretendemos estabelecer gradações ou estimativas, principalmente porque, em se tratando de problemas de consciência, matéria de natureza muito individual, só mesmo o foro íntimo é que pode optar pela melhor doutrina ou religião, de acordo com a receptividade e o discernimento de cada pessoa. Devemos, porém, dizer claramente O Que é e que não é Espiritismo, para que não haja confusão nem tomem corpo interpretações duvidosas. Não temos outro intuito. Tentar esclarecer não é demolir, é procurar servir à Verdade respeitando as ideias alheias." (Grifo sublinhado é do original; o negrito, é nosso.)


De outro lado, se nos reclamam respeito, também não se nos dão ao mínimo respeito (aos profitentes do Espiritismo) usurpando-lhes o nome da doutrina e com isto fazendo um movimento de poluição no que se reporta à fidelidade doutrinária. E nós outros temos que nos calar porque alguns entenderam erradamente e de modo distorcido, sofístico ou devido à ausência de raciocínio, o real fundamento da caridade, do respeito, da liberdade e etc.

Entretanto, "como espíritas, não podemos ser omissos ou coniventes, porque, ou somos espíritas e aceitamos integralmente a Doutrina, ou somos falsos espíritas e, neste caso, só aceitamos da Doutrina aquilo QUE NOS CONVÊM em determinadas ocasiões." (Indalício Mendes, in Rumos Doutrinários. Os grifos em caixa alta são nossos.)

E estes quando se veem prensados pela lógica dos fatos, se colocam numa postura defensiva demonstrando o quanto de resistência e/ou de rejeição à verdade detêm, a mesma que os libertariam das trevas da ignorância. Infelizmente, deixam patente com as suas atitudes que não querem aprofundar assunto, estando satisfeitos com o que são e com o que fazem. Portanto, permanecendo despreocupados em assentarem a Doutrina em cima de atitudes personalistas e de interesses outros [5], esquecidos conforme dizia Kardec: O Espiritismo não reconhece por seus adeptos senão aqueles que lhe praticam os ensinos e se esforçam por se melhorarem [6].

Com atitudes semelhantes à descrita acima, provam e demonstram através de atos a que vieram, pois continuam apoiando ou sendo coniventes com práticas não afeitas aos princípios da Doutrina e, assim, permitem o prosseguimento da poluição e deturpação do Espiritismo. Devido a este e outros fatores, observamos o misticismo, o orientalismo, o africanismo e o espiritualismo ter lugar comum em muitas casas ditas espíritas. Estaremos logo mais abaixo, abordando  algumas destas práticas.

Diante disto, fica manifesto a não observância de que "Um dos mais importantes deveres do espírita cioso da sua responsabilidade no seio do movimento é a FIDELIDADE INTEGRAL à Doutrina." (Indalício, no livro referido. Grifo em caixa alta é nosso.) 

Deste modo, a fidelidade à Doutrina não é um aspecto irrelevante ou um ponto de somenos importância, sobre o qual não necessitamos prestar maior atenção, conforme fica evidente no posicionamento de alguns. Tal comportamento é oriundo da falta de estudos, e também da desconsideração da importância deste mesmo estudo. 

Além destes corações, temos ainda os irmãos incautos e imprudentes; os dedicados à causa, que defendem com entusiasmo o Espiritismo, [mas] desatentos a infiltrações de princípios estranhos àqueles divulgados por Allan Kardec, convencidos em sua placidez, de que nada fazem de censurável, ao introduzirem em seus trabalhos ideias e práticas de outras procedências. 

Alguns querem inovar, por considerarem que sua iniciativa em nada altera o caráter da Doutrina Espírita. Kardec já esperava por isso, porque escreveu sobre a ambição dos que a despeito de tudo, se empenham por ligar seus nomes a uma inovação qualquer. Esquecem-se de que não há necessidade de se ir buscar em outras doutrinas o que supõem não constar da nossa. Enganam-se. "A Doutrina Espírita é uma síntese admirável de verdades relacionadas com a vida psíquica do homem, com a realidade do mundo espiritual e sua conexão direta com o mundo físico". (Idem.)

Herculano Pires em seu livro O Centro Espírita, confirma o que vimos de dizer: "O Centro Espírita apresenta-se, às vezes [hoje em dia, é: na maioria das vezes], entre nós, na dupla forma de Centro e de Terreiro. Isso repugna à maioria dos espíritas que veem no Terreiro uma explosão de práticas supersticiosas africanas, inegavelmente de origem selvagem. Na verdade, ISSO ACONTECE POR FALTA DE ESTUDO DA DOUTRINA ESPIRITA nos Centros. (...) A culpa é dos dirigentes de Centros que se atrevem a dirigi-los sem tomar conhecimento dos mais rudimentares princípios do Espiritismo."

Mais adiante, diz: "Não se pode misturar uma Doutrina Científica e Filosófica com práticas de magia primitiva das selvas. Não se trata de um repúdio ao mediunismo e sua mentalidade mágica, mas de uma questão de método e cultura."

Pois é! Diante desta falta de cultura e do comodismo em não se buscar o estudo aprofundado e sério, sem falarmos da resistência em defendermos nossos pontos de vistas fechados e personalistas ou, ainda, de nossas cristalizações procedentes da superstição e do misticismo, temos encontrado em diversas casas, para não dizermos na maioria delas, práticas estranhas aos princípios e postulados da Doutrina Espírita... Práticas sem fundamento lógico, racional e, menos ainda, científicas.

Esta situação gera e traz muita confusão, o que torna cada vez mais difícil saber o que é o Espiritismo de fato, pois, confundir outras correntes, sejam elas, religiosas, filosóficas, místicas, esotéricas, africanistas, espiritualistas e etc, com a Doutrina Espírita se tornou ponto corriqueiro. Diante deste quadro, estaremos buscando a seguir indicar o que é e o que não é Espiritismo.

Por conseguinte, o primeiro aspecto a ser observado é que a Doutrina Espírita não guarda nenhuma forma ou roteiro ritualístico em suas atividades, sejam elas mediúnicas ou de esclarecimento (isto é, de ensino da moral evangélica, estudos, palestras, etc.). Portanto, o Espiritismo:

a)     Não tem nenhuma forma, método, modelo etc. de culto material, religioso, místico, esotérico ou outros;
b)     Não tem nenhum tipo de ritualismo [ritual] (por exemplo: separação de sexos mulheres de um lado, homens de outro, deixar cadeiras vazias entre os participantes ou ente os trabalhadores seja nas reuniões mediúnicas ou não, etc.);
c)     Não prescreve qualquer forma de paramento (uso de roupas brancas ou de outra cor qualquer, uso de miçangas, ou outros ornamentos quaisquer, etc.);
d)     Não permite uso de qualquer tipo de imagens (seja de santos, divindades, Jesus, Maria de Nazaré, Bezerra de Menezes etc., como não permite o emprego de qualquer sacrifício em razão de crença);
e)     Não tem sinais cabalísticos nem símbolos (estalos de dedos na hora do passe, fungação, benzição);
f)      Não emprega práticas tais como a cromoterapia, cristais, fitoterapia, acupuntura, Reich, Feng Shui, TVP (Terapia de Vidas Passadas), homeopatia, raízes, ervas, hortaliças, piramidalogias, e outras similares e correlatas etc.;
g)     Não faz uso de "correntes fluídicas", por exemplo, todos devem dar as mãos na hora da prece e nas atividades medianímicas; 
h)     Não propõe e nem incentiva mentalização de luzes coloridas, seja na hora da prece, do tratamento, passe etc.; 
i)      Não utiliza mantras, posturas corporais ou sinais específicos ou cabalísticos;
j)      Não utiliza velas, incenso, defumadores, luzes coloridas, raizadas ou floricultura.

Diante disto, podemos dizer com relativa segurança: qualquer casa que se diga espírita mas faça uso de um ou vários destes expedientes não é espírita. Ela não adota os postulados doutrinários do Espiritismo em sua pureza e fidelidade proposta pelos Espíritos Superiores a Allan Kardec. Enquanto isto, apesar da sustentação claramente mística e/ou supersticiosa de várias das práticas acima, alguns confrades (ou pseudoconfrades) teimam em afirmar que tudo é a mesma coisa, tudo é Espiritismo, fazendo uma generalização incabível e prejudicial [7].

O Espiritismo veio REVIVER a pureza original do Cristianismo, o qual era simples, direto e destituído de qualquer tipo de paramentação. Jesus pregava sob as árvores ou no alto dos montes... e propôs uma relação direta do homem para com o Pai, que tudo observa, tudo vê, sem nenhum tipo de ritualismo: "E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente." (Jesus, Mateus 6:5-6.)

Os Espíritos Superiores disseram a Allan Kardec ser necessário apenas o recolhimento, a sinceridade de propósitos, a elevação do pensamento a Deus... conforme Kardec mesmo observa na Viagem Espírita em 1862, falando Sobre  o uso de práticas exteriores de cultos nos grupos: "Frequentes vezes me tem sido indagado se é útil começar as sessões com preces e atos exteriores de culto religioso. A resposta não é apenas minha, mas também dos Espíritos que trataram desse assunto.


É, sem dúvida, não apenas útil, porém necessário rogar através de uma invocação especial, por uma espécie de prece, o concurso dos bons Espíritos. Essa prática predispõe ao recolhimento, condição especial a toda reunião séria. O MESMO NÃO SE DÁ quanto às práticas exteriores de culto, através das quais certos grupos creem dever abrir suas sessões e que têm mais de um inconveniente, APESAR DA BOA INTENÇÃO com que são sugeridas.

(...) É preciso não esquecer que o Espiritismo se dirige a todos os cultos. Por conseguinte ele NÃO DEVE ADOTAR AS FORMALIDADES DE NENHUM EM PARTICULAR." (Os grifos em caixa alta são nossos.)


Se tais observações não são suficientes para os mais renitentes e resistentes, devemos ponderar que o Espiritismo, no dizer de Kardec, é uma ciência de observação e uma doutrina filosófica, da qual se originam consequências morais. Portanto, não dependente de convenções místicas, religiosas, supersticiosas etc.. Depois, devemos lembrar que "O conhecimento da ciência espírita se baseia em uma convicção moral e em uma convicção material. A primeira se adquire pelo raciocínio, a segunda pela observação dos fatos."(Kardec em Instruções Práticas Sobre as Manifestações Espíritas, cap. X.)

Por conseguinte, a Doutrina Espírita veio ensinar o homem a pensar, a raciocinar, a usar a razão, a lógica, o bom senso... portanto, se o Grupo ou Casa não conduz seus frequentadores a este estágio, mas, ao contrário, incutem-lhes práticas questionáveis... o que terá ela com o Espiritismo? De mais a mais, se pensássemos por um pouco que fosse, veríamos que as práticas exteriores não possuem o menor fundamento lógico.

Afora isto, os Espíritos estão constantemente nos ensinando, a começar por Jesus, que "Todo o movimento e realização no mundo são produtos das forças mentais que se transferem de uma para outra antena psíquica, de um para outro lugar, construindo e demolindo, ativando ou desarticulando obras" [8]. 

Ou ainda: "Estás sempre em sintonia, queiras ou não, com as forças mentais que se movimentam no mundo. Conforme a tua identificação emocional, externarás vibrações que se vincularão a outros de igual teor vibratório. (...) Não te descuides do que pensas, do a que aspiras, do que falas e de como ages. Da mente procedem todos esses passos e se não a tens disciplinada, habituada aos bons direcionamentos, sofrerás a correspondência da reciprocidade."

Estes esclarecimentos estão em conformidade com a orientação kardeciana de que tudo está na mente, no pensamento e não nas fórmulas exteriores ou em comportamentos ritualísticos, místicos ou cabalísticos [9]. Miramez, em Filosofia Espírita vol. XI, também pondera: "Não acredites que amuletos possam te dar boa vida, que rabiscos de determinada feição possam te defender deste ou daquele mal. Isso é pura ficção. Por lei, somente o Espírito pode atrair seu igual. O PENSAMENTO É PONTO CHAVE DE ATRAÇÃO DOS ESPÍRITOS: do modo que pensas, podes atrair almas com os mesmos pensamentos. Sabemos, e disto temos provas, que Espíritos que assinam nomes respeitáveis ensinam fórmulas cabalísticas aos incautos, aos de boa fé, melhor dizendo, de fé cega, que em tudo acreditam, desde que venha dos Espíritos. São Entidades enganadoras, que começam a enganar a si mesmas, na ilusão de comprar a felicidade sem esforço próprio. Toda subida exige esforço, sacrifício e dor."

Mais à frente, alerta ele: "Um homem de boa fé, mesmo que seja fé cega, confiando em um talismã pode, perfeitamente, atrair Espíritos para o auxiliarem, mas não por causa do objeto em suas mãos e, sim, por sua fé, por seus pensamentos que entram em ação." (Grifos em caixa alta e negrito são nossos.)

De onde podemos concluir com tranquilidade: Os que se atêm a tais misticismos agem qual "Os judeus [que] haviam desprezado os verdadeiros mandamentos de Deus para se aferrarem à prática dos regulamentos que os homens [e os Espíritos inferiores] tinham estatuído e da rígida observância desses regulamentos faziam casos de consciência. A substância, muito simples, acabara por desaparecer debaixo da complicação da forma [10]. Como fosse muito mais fácil praticar atos exteriores, do que se reformar moralmente, lavar as mãos do que expurgar o coração, iludiram-se a si próprios os homens, tendo-se como quites para com Deus, por se conformarem com aquelas práticas, conservando-se tais quais eram, visto se lhes ter ensinado que Deus não exigia mais do que isso. Dai o haver dito o profeta: É em vão que este povo me honra de lábios, ensinando máximas e ordenações humanas. (...) O objetivo da religião é conduzir a Deus o homem. Ora, este não chega a Deus senão quando se torna perfeito. Logo, toda religião que não torna melhor o homem, não alcança o seu objetivo. (...) Nula é a crença na eficácia dos sinais exteriores, se não obsta a que se cometam assassínios, adultérios, espoliações, que se levantem calúnias, que se causem danos ao próximo, seja no que for. Semelhantes religiões fazem supersticiosos, hipócritas, fanáticos; não, porém, homens de bem." (ESE, cap. VIII, item 10. Grifos itálicos: do  original; negritos: nossos.)

Por outro lado, conhecemos alguns Grupos que não fazem uso de tais parafernálias exteriores e funcionam perfeitamente bem, tendo legítimas relações com Espíritos sérios e compenetrados. Daí, a conclusão por demais óbvia é que tais ritualismos, misticismos ou modismos são totalmente dispensáveis. Aliás, agir dentro de tais práticas é indicativo de iminente perigo: Estaremos nos abrindo para relacionamento com Espíritos inferiores, pois os Superiores não colocam as pessoas no ridículo, como também jamais lhes proporá algum tipo de comportamento estranho. Ao contrário, agem com todo respeito, cordialidade e sempre procurando levar quem os ouve a raciocinar, a pensar e a crescer rumo à libertação de todas as peias de superstições, ritualismos, magias e etc, próprio das idades infantis da humanidade. Considerar que não é verdadeira a proposição apresentada basta pensarmos: Se nós gostamos destes misticismos... e uma vez que as nossas relações com o Mundo Espiritual se dão através da sintonia, simpatia e afinidade, daí, podemos concluir com quais tipos de Espíritos estamos nos pondo a braços.

Ainda assim, de través a estas ponderações, alguns alegam que não estamos sendo caridosos. Já tivemos oportunidade de falar sobre isto! Mas é de se perguntar: Estamos sendo caridosos buscando o silêncio e deixando as pessoas comerem gato por lebre? Se barafundando em comportamentos desnecessários, e até, ridículos? Deixando-os à mercê dos falsos profetas? Uma vez que "Os falsos profetas não se encontram unicamente entre os encarnados. Há-os também, e em muito maior número, entre os Espíritos orgulhosos que, aparentando amor e caridade, semeiam a desunião e retardam a obra de emancipação da Humanidade, lançando-lhe de través seus sistemas absurdos, depois de terem feito que seus médiuns os aceitem. E, para melhor fascinarem aqueles a quem desejam iludir, para darem mais peso às suas teorias, se apropriam sem escrúpulo de nomes que só com muito respeito os homens pronunciam.

São eles que espalham o fermento dos antagonismos entre os grupos, que os impelem a isolarem-se uns dos outros e a olharem-se com prevenção. Isso por si só bastaria para os desmascarar, pois, procedendo assim, são os primeiros a dar o mais formal desmentido às suas pretensões. Cegos, portanto, são os homens que se deixam cair em tão grosseiro embuste.

Mas, há muitos outros meios de serem reconhecidos. Espíritos da categoria em que eles dizem achar-se têm de ser não só muito bons, como também eminentemente racionais. Pois bem: passai-lhes os sistemas pelo crivo da razão e do bom senso e vede o que restará. Convinde, pois, comigo, em que, todas as vezes que um Espírito indica, como remédio aos males da Humanidade ou como meio de conseguir-se a sua transformação, coisas utópicas e impraticáveis, medidas pueris e ridículas; quando formula um sistema que as mais rudimentares noções da Ciência contradizem, não pode ser senão um Espírito ignorante e mentiroso [11]". (Todos os grifos são nossos.)


Enfim, o ponto de partida em sabermos separar o Espiritismo do misticismo está na diferença em que "O Espiritismo é uma doutrina filosófica que tem consequências religiosas, como toda doutrina espiritualista; por isso mesmo toca forçosamente às bases fundamentais de todas as religiões: Deus, a alma e a vida futura; mas não é, uma religião constituída, tendo em vista que NÃO TEM NEM CULTO, NEM RITO, NEM TEMPLO, e que, entre os seus adeptos, nenhum tomou ou recebeu o título de sacerdote ou de sumo sacerdote." (Obras Póstumas - 1ª parte, cap. "Curta resposta aos detratores do Espiritismo ", trad. edt. IDE. Grifos em caixa alta são nossos.)

Conseguintemente, não será pelo simples fato de determinada Casa LER "Kardec", isto é, a Codificação Kardequiana, que ela poderá ser considerada Espírita ou que ela seja uma Casa Espírita; do mesmo modo que não basta lermos a Bíblia para sermos considerados pertencentes à religião Israelita ou Cristã. A leitura não é suficiente, dizemos LER porque se ESTUDO houvesse, a conduta e orientações daquela determinada Casa, Grupo ou pessoa, seguiriam os princípios expostos pela Espiritualidade Superior e registrados na Codificação por Allan Kardec.

Não que tenhamos algo contra quem faz uso destes ritualismos, não é este o enfoque; estamos apenas estabelecendo a diferença em se buscar ser espírita e não o ser. Portanto, estamos falando tão somente para os que querem realmente se engajar nas fileiras espiritistas. E para isto devemos saber e sermos conscientes de onde colocamos nossos pés, principalmente, porque no Movimento Espírita atual "Há quem se incline pelo silêncio comprometedor, evitando ressaltar essas distinções, a pretexto de que, se assim procedermos, estaremos agindo intolerantemente e menosprezando os que não seguem à risca os ditames da Codificação Kardeciana." [12] Esquecem que não podemos nos omitir, até mesmo em respeito a estes nossos irmãos de caminho.

Além disto, é bom não esquecermos as palavras de Deolindo Amorim no mesmo livro: "Todas as Doutrinas organizadas têm seu corpo de princípios, seus postulados, sua orientação. O Espiritismo, em sua amplitude, é a matriz de muitas escolas, religiões e correntes filosóficas, mas a própria disciplina da inteligência exige que se dê a cada religião ou doutrina o seu lugar inconfundível. Espiritismo é Espiritismo; Teosofia é Teosofia; Ecletismo é Ecletismo. É melhor discernir do que confundir, pois é discernindo que se põe ordem nas ideias para procurar a verdade." (Grifos nossos.)

Diante do que, podemos dizer: Espíritas são aqueles que seguem com fidelidade os princípios doutrinários encontrados na Codificação e no Evangelho aplicando-os a si mesmos. É o velho adágio: "Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más".  (ESE, cap. XVII, item 4, FEB.) E, quanto aos que se contentam apenas com a forma... que evitam fazer uso do raciocínio, da lógica... que permanecem no culto exterior... são apenas simpatizantes... Gostam ou admiram o Espiritismo, mas não para o aplicarem a si mesmos, na busca de sua reforma moral. O Espiritismo para estes não se converteu numa filosofia de vida...

Estes não se enquadram na definição de Kardec: "O verdadeiro Espírita não é aquele que crê nas manifestações, mas aquele que aproveita o ensinamento dado pelos Espíritos. De nada serve crer, se a crença não o faz dar um passo à frente no caminho do progresso, e não o torna melhor para o seu próximo."  (Kardec, O Espiritismo em sua mais simples expressão, item 36, tópico: Máximas extraídas dos ensinamentos dos Espíritos, tradução ed. IDE.)

Diz-nos Emmanuel em Caminho, Verdade e Vida, lição 15: "Não será por se maravilhar tua alma, ante as revelações espirituais, que estarás convertido e transformado para Jesus". 

Já em Fonte Viva, lição 58, diz-nos ele: "Se buscamos a sublimação com o Cristo, ouçamos os ensinamentos divinos. Para sermos discípulos dele é necessário nos disponhamos com firmeza conduzir a cruz de nossos testemunhos de assimilação do bem, acompanhando-lhe os passos." 

Portanto, se não estamos cumprindo tal roteiro, não podemos ser considerados Espíritas e, sim, simpatizantes da Doutrina; quando não, Espíritas ineptos (classificação dada por Kardec na Revue Spirite de mar.-1863), ou quando não: dizemos sê-lo porque está na moda ou para nos mostrarmos aos outros. Agindo assim, no fundo, no fundo mesmo, estamos enganando somente a nós mesmos... pois, independentemente da situação, um dia todos nós saberemos a verdade...

Mas, como dissemos antes, para sermos Espíritas não é suficiente lermos Kardec ou livros Espíritas; então, se não estivermos seguindo com fidelidade a proposição "kardequiana", buscando implementá-la em nossas vidas, não somos Espíritas de fato, podemos ser, sim, simpatizantes. Certamente, o trabalho sobre si deve ser efetivo; se for somente de "boca", não resolve e isto não fará de nós Espíritas; ou como diz Kardec: "A crença no Espiritismo não é aproveitável senão àquele que se pode dizer: Valho melhor hoje que ontem." (O Espiritismo em sua mais simples expressão, item 38, tópico: Máximas extraídas dos ensinamentos dos Espíritos; tradução Edt. IDE.)

Dentro desta conjuntura, podemos dizer com segurança que a banalização dos conceitos, propostas e definições do Espiritismo está cada dia maior e cada vez mais: bate às nossas portas. Situação triste e lastimável. Esta banalização se dá muitas vezes por inexistir critérios para fundar ou criar uma Casa Espírita: O indivíduo acha a Doutrina bonita, tem muita simpatia por ela e acesso a algum dinheiro, então, lá temos mais uma Casa Espírita... 

Outra situação pior ainda, é aquela em que tem muita gente tentando fazer de (transformar) Casas Umbandistas ou Espiritualistas em Espíritas. Estes sim, são os que causam maiores danos ao que seja o Espiritismo, poluindo-o com práticas e comportamentos fora de seus princípios. Apesar de ser um trabalho inglório, em razão dos atavismos e cristalizações de hábitos comuns ao ser humano, está acontecendo muito mais do que pensamos; daí, os profitentes de tais instituições trazendo o tão propalado: ranço, distorcem e poluem os princípios do Espiritismo, pondo a perder a pureza doutrinária. E com isto temos um Espiritismo às avessas. Como exemplo, podemos citar: Uso de roupas brancas, aplicação de passes de conformidade com a condição sexual do paciente (passistas femininas aplica passes em mulheres e homens em homens), separação no auditório de homens e mulheres em filas distintas, uso de Aves Marias e Padres Nossos nas preces, passes com passistas mediunizados (situação própria do mediunismo, mas não da mediunidade com Jesus), toque físico durante o passe ou aconselhamento aos pacientes e etc. etc. etc.

Nenhuma instituição que age dentro destes parâmetros e daqueloutros apontados mais acima pode ser considerada genuinamente Espírita. E é bom relembrarmos que não se está condenando às formas, rituais e cultos de outros movimentos; não, de modo algum; o absurdo, o inaceitável, o desrespeito para com o Espiritismo, fica por conta de quando tais práticas são trazidas para dentro da Doutrina ou quando tais movimentos usurpam o nome da Doutrina para o aporem em seus pórticos.

Bem... uma verdadeira Casa Espírita irá ensinar seus frequentadores a implementar os princípios Espíritas em suas vidas - que não são outros que os encontrados nos Evangelhos -; esclarecendo-os para que façam sua reforma íntima, isto é, consigam implementarem em si mesmos a sua transformação moral. Levam, por consequência, seus frequentadores a pensarem, ensinando-lhes a raciocinar, a usar o bom senso, a distinguir o ridículo de certas atitudes, a desnecessidade das formas exteriores de culto, sejam quais forem e etc.

Nos dias que passam, devemos ter muito cuidado e agir com cautela pois tem muitas pessoas e grupos se dizendo Espíritas e, no entanto, portando graves transtornos na área doutrinária em referência às instituições; e, na área comportamental, no referente às pessoas. No que se reporta à Internet então, o caos está quase total. Inclusive, podemos adiantar, esta é uma das preocupações da Espiritualidade Superior, nesta hora da humanidade, no que se reporta ao Espiritismo virtual.

O momento é grave. Esta acontecendo com o Movimento Espírita o mesmo que aconteceu com o Cristianismo Primitivo. Enquanto ele contava com número reduzido de crentes e era perseguido, até com a tortura física e o sacrifício dos cristãos, foi puro, espiritualizado, como o Cristo nos legou. Mas, no momento que foi admitido pelo poder temporal de Roma e as massas ignorantes o aceitaram, estas foram impondo suas crendices, suas superstições, trazidas do fetichismo e do paganismo. Foram nele infiltrando seus rituais, explicações infantis ou nebulosas, solenidades, mistérios, palavras exóticas. À medida que o ritual avassalava a nova igreja, aliada agora de reis e imperadores, a essência do Cristianismo foi sendo relegada a segundo plano e, afinal, esquecida [13].

Com o Espiritismo está acontecendo o mesmo. Enquanto ele contava com ínfima minoria da população e seus profitentes eram injuriados e atacados por pastores e padres de outras religiões, só os mais corajosos e com boa base doutrinária ousavam reunir-se nas Casas Espíritas. À medida que a palavra dos Espíritos passou a ser ouvida em toda parte, à medida que os grandes médiuns começaram a atrair multidões, e os livros espíritas clarinaram ao mundo (...) multidões acorreram aos Centros Espíritas. Infelizmente não foram em busca de uma iluminação interior, de uma explicação para as torturantes dúvidas filosóficas, mas de remédio pronto e fácil para todas as mazelas do corpo e do Espírito. Essa grande massa de raciocínio simplista não possuía o menor interesse na Doutrina (...) Queria encontrar dentro do Movimento Espírita, os mesmos rituais e solenidades aos quais estava afeita [14].

Consequentemente, o momento, além de grave, é delicado: Estamos em transição, e, nesta hora, todos estamos sendo colocados à prova; validando as palavras de Jesus: "Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo." (Jesus,  Mt. 24:13.)

E estas palavras são mais do que real, se formos observar (como bem nos lembra o confrade Ary Lex em Pureza Doutrinária) que o "Movimento Espírita costuma ter uma certa condescendência para com as pequenas deturpações, condescendência essa rotulada como tolerância cristã. Estão errados! Tolerância deve haver para as falhas das pessoas, que devem ser esclarecidas e apoiadas, ajudando-as a saírem do ciclo erro sofrimento. Tolerância com as pessoas, sim, mas conivência com as deturpações, jamais. As deturpações são como os cupins; vão sorrateiramente corroendo, destruindo. Quando se dá pela coisa, a madeira já está podre, desfazendo-se. As deturpações também agem assim."

É uma realidade. E em sua imensa maioria, são os próprios espíritas os culpados da tragicidade da situação, pois nos escondemos e escamoteamos a realidade apegando-nos a chavões que povoam nossa boca mas com os quais nosso coração tem pouco ou nada haver. Esquecemos que, quando nos tornamos espíritas, não só descobrimos uma verdade nova, mas assumimos o compromisso de lutar pela melhoria da humanidade. E essa luta não consiste, apenas, na frequência aos trabalhos de caridade. Abrange também, a reforma moral. Entretanto, que reforma é essa, em que a pessoa procura tornar-se boa e pura, mas não se importando se, em seu redor, os espíritos humildes continuam abandonados, atrasados, dominados pelas normas erradas de proceder, adotando posturas religiosas fetichistas ou mágicas, substituindo a medicina e a higiene por práticas absurdas, de um passado remoto? [15]

Em Viagem Espírita de 1862, Kardec trazendo uma pauta de Projeto de Regulamento Para uso de Grupos e pequenas Sociedades Espíritas, esclarece: "Tudo nas sessões deve ser feito religiosamente, porém nada deverá dar-lhes o caráter de reuniões de seitas religiosas."(Grifo em negrito é nosso.) Se ainda não está claro, estabelecemos: Ali, não encontramos nenhuma instrução para usar nenhuma das práticas que já vimos acentuando.

Quanto à questão fluídica, alegada por alguns simpatizantes da Doutrina, de onde deveríamos separar homens e mulheres em filas distintas, ou alternar os sexos, por questões de polaridade masculina e feminina, e etc., tem por base a desinformação, pois um estudo acurado a respeito dos fluidos dentro da própria Codificação aclararia a desnecessidade e o absurdo de tais ritualismos. 

Somente a falta de estudo e de compreensão nos levam à atermos a certas formalidades... Mesmo porque, de princípio, o Mundo Espiritual está sujeito a leis diferenciadas do campo eminentemente material. E quanto aos fluidos espirituais, estes não se sujeitam, tão fácil assim, à questão espacial ou material da dimensão física. Consequentemente, nada, no sentido das práticas exteriores, pode impedir o Mundo Espiritual de cumprir seu papel. Entretanto, além da Codificação, uma leitura atenta dos livros da série de André Luiz (para não irmos longe ou demorarmos muito em pesquisas) comprovaria tal realidade, em particular citaríamos o seu livro: Mecanismos da Mediunidade.

Quanto à questão da pureza doutrinária e também do desnecessário das práticas exteriores, podemos recorrer aos seguintes livros:
-        Viagem Espírita de 1862, de Allan Kardec;
-        Instruções Práticas Sobre as Manifestações Espíritas, de Allan Kardec;
-        Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas, de Allan Kardec;
-        O que é o Espiritismo, de Allan Kardec;
-        O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec;
-        O Centro Espírita, de J. Herculano Pires;
-        O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas, de Deolindo Amorim;
-        Africanismo e Espiritismo, de Deolindo Amorim;
-        Rumos Doutrinários, de indalício Mendes;
-        Pureza Doutrinária, de Ary Lex (com algumas ressalvas);
-        Filosofia Espírita vol. XI, de Miramez / J. Nunes Maia;
-        O Quartel e o Templo, Eurípides Kühl.

Finalmente, lembremos: "A Doutrina Espírita não aprova nenhuma atitude, nenhum exercício religioso, nenhuma prática discordante dos usos normais. (...) O verdadeiro culto, para o Espiritismo, é o culto interior, é o sentimento, a elevação do pensamento." (Deolindo Amorim.)


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[1] - A parábola das dez virgens loucas e das dez prudentes (Mt. 25); a parábola de bodas ou das vestes nupciais (Mt. 22); a parábola do joio e do trigo (Mt. 13:24); a parábola do mordomo infiel (Lc. 16); a parábola dos dez servos (Mt. 24:44); nem todo que me diz Senhor... Senhor... entrará no Reino dos Céus (Mt. 7:21); etc..
[2] - Do livro Contos e Apólogos: Nos Domínios das Sombras; do livro Cartas e Crônicas: Lição nas Trevas, Consciência Espírita, Espiritismo e Divulgação, Nota Explicativa; do livro Contos Desta e Doutra Vida: Religiões Irmanadas, Pureza em Branco, Médiuns Espíritas, Decisão nas Trevas; e melhor de todas, a qual não consegui localizar o livro: O Diabinho Coxo.
[3] - Sobre a unificação, já dizia Indalício Mendes em 1974: O trabalho de unificação dentro do Espiritismo tem dado, fora de dúvida, excelentes resultados, EMBORA exija ainda, e o exigirá por muito tempo, AS ATENÇÕES dos responsáveis pela propagação e defesa de seus princípios. (in Rumos Doutrinários. Os grifos são nossos. E um dos princípios deste movimento, se não é, deveria ser: a questão da pureza doutrinária.)
[4] - Veja o livro: O que é o Espiritismo; e ainda: LM itens 35, 37, 39; RE jul.-1859, out.-1863, jul.-1865.
[5] - Deolindo Amorim, em O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas.
[6] - Obras Póstumas: Curta resposta aos detratores do Espiritismo.
[7] - Deolindo Amorim, em O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas, aborda o perigo das generalizações.
[8] - Joanna de Angelis em Dias Gloriosos.
[9] - Kardec ainda diz: o pensamento saneia ou vicia o ambiente(A Gênese, cap. 14, item 18; Revista Espírita dez.-1868.)
[10] - Estão fazendo a mesmíssima coisa com o Espiritismo.
[11] - O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXI, item 10.
[12] - Lauro Salles, no citado livro de Deolindo Amorim.
[13] - Ary Lex em Pureza Doutrinária.
[14] - Ary Lex em Pureza Doutrinária.
[15] - Ary Lex em Pureza Doutrinária.




sexta-feira, 25 de julho de 2014

É HORA DE SER FELIZ

Desejar estar sempre certo é ser pretensioso; não é demonstração de força e sabedoria, mas sim expressão de arrogância. Almejar ser feliz, sendo indiferente à infelicidade alheia, é construir uma felicidade ilusória, utilizando os "tijolos" do egoísmo, cuja construção ruirá mais cedo ou mais tarde por ter bases falsas e enganosas. É impossível construirmos nossa felicidade em cima da infelicidade alheia. Por outro lado, deixar de sonhar é condenar a si mesmo à infelicidade permanente, pois, da mesma maneira que o alimento sustenta o corpo, os sonhos alimentam a alma. Porém, somente aqueles sonhos que se fundamentam na harmonia geral, no equilíbrio e no bom senso (maturidade consciencial). Sonhos diferentes destes apenas avocam desequilíbrio, dor e sofrimento! Depender de outrem para ser feliz é demonstração de carência afetiva, uma vez que toda a dependência é negativa, exceto a dependência divina (do Criador). Por conseguinte, a felicidade não é um direito apenas de algumas pessoas, mas sim um direito de todos, porque todos somos filhos de um mesmo Pai. Reflitamos! A FELICIDADE, ao contrário do que muitos pensam, É UMA OPÇÃO DE VIDA, É UMA CONSTRUÇÃO DIÁRIA DE ATITUDES, COMPORTAMENTOS E SENTIMENTOS. Se assim é, não esperemos mais! Não deixemos para amanhã! Não tenhamos medo de tentar! Toda hora, é hora de ser feliz!

sexta-feira, 11 de julho de 2014

PROFECIAS: A BESTA E O FALSO PROFETA

Também eu vi subir do mar uma Besta. E ela assentou seus pés sobre sete colinas. E, na medida que ali se nutria, os homens a adoraram cada vez mais. Então, ela começou a crescer. E na medida que crescia, nascia cabeças de seu corpo, parecidas com dragões, de que era filha, e suas cabeças se estendiam por sobre a terra, como tentáculos.

Cada vez mais seu poder se robustecia. Mas, eis que o Cordeiro de Deus envia à Terra os Santos para alertarem os filhos de mulher, para que não caíssem em adoração à Besta que lhes cativavam com ouro, prata, joias e pedras preciosas.


Assim que os Santos abriram suas bocas e se puseram a falar, pôs-se a Besta a batalhar contra eles... E, chegando um certo momento, uma das cabeças bestiais, guerreava contra as outras e as subjugaram uma a uma. E assim se fortalecia, pois as outras cabeças lhe davam parte de seu poder. E eis que a Besta vence, temporariamente, os Santos, através dos homens que a veneravam
, a ela submetendo sua vontade por livre escolha.

E à Besta foi-lhe permitido lutar e vencer por um tempo. E, destarte, o Cordeiro de Deus foi imolado, e sua pele foi arrancada, a sua lã espezinhada e sua carne espargida para os abutres e as águias. E eis que, deste momento histórico, a Grande Prostituta se ergueu como filha legítima da Besta que era. Em sua genética corria o sangue bebido nas entranhas humanas, o qual se misturou com os fluidos perniciosos da Besta. E de sua boca apenas jorrava blasfêmias, contra os Santos e contra o Reino...


E a Grande Prostituta dominou e governou por um pouco de tempo. Mas, com vistas aos lídimos herdeiros do Reino, eis que os Santos reviveram, como a Fênix das cinzas, levando ânsia e preocupação à Grande Prostituta que temeu ter seu poder retirado e sua face revelada.


Deste modo, movida pela expectativa da vitória de seu progenitor inumano, atacou e agrediu novamente os Santos, na esperança de destruí-los. E, nas pegadas da vileza e de subterfúgios, diversas fogueiras foram acessas ao longo do litoral de todos os mares e por todos os lados. E mais uma vez os Santos sucumbiram por entre chamas, em testemunho a todos os homens, nações e gentes.


E desta batalha titânica, eis que se levanta o Falso Profeta parido das entradas da Grande Prostituta, como herdeiro genuíno da Besta que era. E ele se lançou pelo mundo à cata de quaisquer vestígios dos Santos, aos quais movia-se de grande ódio. E os caçaram tenazmente, em todas as direções, tanto para o norte, quanto para o sul, oeste e o leste!

E, novamente, intentaram fechar as portas dos Céus!


Na medida que movia a perseguição aos Justos, o Falso Profeta foi gerando filhos e filhas que também se levantaram e sustentaram a bandeira de seu progenitor até o final dos tempos. A isso foi-lhes permitido até o momento do julgamento final, onde a Besta, a Grande Prostitua, o Falso Profeta e seus filhos e filhas deverão prestar contas de seus atos, em testemunho a todas as nações da Terra e a todas as gentes.


Entretanto, os filhos de Deus não ficaram desamparados durante estes tempos difíceis. Eis que o Santo dos Santos desce novamente à Terra montado em um cavalo branco para batalhar contra todos os interesses contrários às demandas do Reino. Cumprindo a palavra de que o Consolador um dia estaria novamente entre os viventes e entre eles viveria.


E, então, línguas de fogo foram avistadas descendo das nuvens até à terra e fecundando-as. E nesse período os filhos dos homens passaram a ter visões e sonhos. As portas do Céus foram reabertas e brando orvalho, de uma nova manhã, se esparziu por sobre a face da Terra. E os filhos dos homens se comunicaram com as Alturas, cantando hosanas ao Senhor da Vida! E suas preces chegaram até aos pés do Cordeiro de Deus e foram ouvidas.


E eis que foi permitido à Grande Prostituta com seu filho e netos, o Falso Profeta e os filhos e filhas deste, vivessem por um determinado tempo junto aos filhos e filhas dos homens, que entre eles se misturassem, para testemunho e oportunidade de que todos pudessem colher as sementes do Reino. E nelas se fartassem em abundância!


Depois deste tempo, findo os tempos de dores e sofrimentos, todos os que persistiram em seus erros, aqueles que continuaram pregando blasfêmias, os que continuaram em adoração aos Falsos Profetas, bem como à Grande Prostitua e à Besta, todos os que continuaram se opondo ao Cordeiro de Deus serão banidos de sobre a face da Terra. E ali não mais serão encontrados!


E nesse dia, uma nova Terra desceu dos Céus e a Nova Jerusalém foi avistada. E ali a paz foi conhecida e conquistada! Não se ouviu mais falar de guerras e nem de rumores de guerra... Todos se confraternizaram... E os que ficaram se encontraram sob os auspícios do Cordeiro de Deus, cujo Reino foi entregue em suas mãos desde o princípio dos tempos.


Quem tem olhos e ouvidos de ver e ouvir, que ouça e veja!


quinta-feira, 10 de julho de 2014

ANALISANDO BRASIL x ALEMANHA OU O 7 x 1

Consideramos que o momento nos pede (pelo menos, deveria) algumas rápidas reflexões...

A seleção brasileira não deixa de ser, de certo modo, um espelho da sociedade brasileira... É um espelho de nossa politica, dos nossos movimentos sociais... Enfim, de cada um de nós em particular!!! Ou, em outras palavras: Do Brasil como país, como povo...

Ao observamos os jogadores e técnicos (a grande maioria, se não todos, oriundos de uma vida difícil e áspera - vocês entenderam, não?!)), podemos ver nos mesmos as marcas de um tipologia depressiva e "tímida" (no sentido de baixa estima). E, realmente, é verdade, o nosso país é constituído de um povo DEPRESSIVO e com uma ESTIMA SUPERBAIXA, *tanto que todos, sem exceção, valorizam tudo que é estrangeirismo e não damos muito valor à pátria, à nação, à nossa cultura (se é que a temos) e etc, e, olha, que nem precisamos ter olhos de ver para podermos constatar esta realidade não. Talvez, por isto mesmo, cultuamos a cultura do "jeitinho"... Que, no fundo, são as marcas de um povo vendido, ou seja, "vendido" no sentido de que encontrar garras para lutar é bem mais difícil e complexo do que tentar dar um "jeitinho" nas coisas...

Daí, podermos observar o império dos QIs: Quem Indica, nos mais variados setores da sociedade... São duras palavras, nós sabemos, mas não podemos fugir da realidade, da verdade. Portanto, enquanto não assumirmos as responsabilidades por nossas falhas, iremos ser "batidos" vergonhosa e eloquentemente... tanto dentro, quanto fora dos campos. Já o dissemos:  A arena futebolística é um reflexo do palco de vida de cada um de nós. 

E esse nosso famoso jeitinho, dá, igualmente, margens para os espertalhões irem levando os falsos loiros da vitória. Falsos, porque, além de momentâneos e passageiros, tais posturas, igualmente, trazem muita dor e lágrimas aos seus comensais... São os famosos ranger de dentes, para os quais o Mestre dos mestres já nos chamava a atenção. Porém, sem atentarmos a tais sábios conselhos, a maioria de nós outros ficamos de tocaia, apenas esperando o momento certo para abocanharmos a nossa parcela de vantagem individual e própria!

Por isto mesmo,

TODA PREPOTÊNCIA SERÁ ESMAGADA...

Mais cedo ou mais tarde! Simples questão de tempo! Seja nesta ou em uma outra vida qualquer.

Então! Diante do quadro exposto, vemo-nos cultuando e fomentando uma sociedade que não valoriza a disciplina. Hoje, pode-se tudo, escudados na desculpa absurda do "não criar traumas" em nossas crianças... Enquanto isto e por isto mesmo, cada vez mais, a violência está fazendo acampamentos nas esquinas e ruas de nossas cidades, ousando destemidamente adentrar em  nossos lares sem pedir licença, pois foram nós mesmos que lhes abrimos a porta e fizemos os convites. Portanto, vermos a violência nos estádios de futebol não é nenhuma novidade...

A VIDA EXTERNA É UM REFLEXO DE NOSSA VIDA ÍNTIMA!

Entretanto, na outra margem, olhando a seleção alemã, podemos constatar o contrário de tudo isto: A cultura e a valorização da disciplina... do trabalho em grupo... do foco em um objetivo comum... sem ansiedades... sem desesperos, desde o início da partida... Enquanto eles sabem o exato valor do suor, das lágrimas e do respeito (afinal, dizem alguns: Eles viveram duas grandes guerras)... nós outros, achamos que tudo vai se resolver por si só. É a velha  atitude: Ah, tem problema não, no final a gente dá um jeitinho! Vamos levando que dá!

E não deu! E não dá!

TAL ATITUDE É UMA FALÁCIA, UMA ENGANAÇÃO!!!

Deste modo, enquanto os alemães valorizam a equipe, por consequência, as jogadas em equipe e compreendem que o todo depende de cada uma de suas partes e que a vitória de um somente será possível com a conquista de todos; no Brasil, como nação e como seleção, impera o cada um querer brilhar mais do que outro. Desde que eu leve vantagem, o resto que se dane! (Sinceramente não conseguimos entender como podemos requer que Deus seja brasileiro promovendo tais conceituações.) Dentro desta ótica, sob falsos fingimentos e aparentando uma humildade inexistente, isto é, apenas aparente, observamos o imperialismo daquilo que podemos muito bem designar como: "Estrelismo".

Além desta faceta, apresentando um outro lado da moeda, temos de convir: Um jogador, por mais fera e bom que realmente seja, jamais irá ganhar partida alguma sozinho. Não no futebol. E na Vida não é muito diferente não! Dentro desta perspectiva, do lado brasileiro, cada um quer aparecer. E, para tanto, terá de chegar sozinho até a porta do gol, fazendo dribles e mais dribles. Diferentemente do lado alemão, onde pudemos observar uma equipe chegando ao gol: passe para um, passe para outro e raramente os vi fazendo dribles. E muitíssimo interessante observar

COMO O POVO BRASILEIRO ADORA VER OS JOGADORES DRIBLANDO, PEDALANDO... MAS NÃO ACHAM MUITO GRAÇA QUANDO O JOGO É CONSTITUÍDO E ESTRUTURADO EM CIMA DE PASSES...

Por que será? Qual o motivo para isto? Seria porque é bonito ver as "pedalas"?... Será isto a verdadeira razão?!!!

Pois é, demonstrando o lado depressivo e de baixa estima que permeia todos nós, será suficiente relembrarmos o comportamento apresentado por David Luiz, quando a "Alemanha" estava para fazer mais um gol: Botar a mão na cabeça e entrar em desespero, em vez de estar chegando junto... numa tentativa de se fazer alguma coisa, mesmo que não dê. Seja como for, o gesto demonstra o quanto estavam despreparados para a situação... E, por outro lado, também já diz tudo por si mesmo.

OUTRO LADO, IGUALMENTE, COMPARTILHADO POR NÓS...

Observamos nas diversas mídias, e não vimos ninguém assumindo a sua cota de responsabilidade que, nos finalmente, caberia e cabe a cada um de nós. Aliás, nós outros, ficamos assustados quando vimos o Felipão, no primeiro momento, assumindo sua parcela de responsabilidade. Talvez, ele agiu assim por não ter tido outra saída... ou o que dizer. Porém, não vimos postura similar nas entrevistas e depoimentos de vários jogadores. Não os vimos dizendo: Jogamos mal! Não trabalhamos como uma equipe. Ficamos perdidos no jogo... Apesar de todo treinamento técnico recebido, não soubemos o que fazer...

Pois é, esse comportamento de tentar achar uma justificativa, uma desculpa... está entranhado na vida de toda a nação. Tanto é assim que observamos um presidente falar que não sabia e para nós está tudo certo! É normalíssimo e aí daqueles que ousam dizer o contrário. Mas, convenhamos, questioná-lo seria também questionar a nós mesmos... E aí?... Não vai dar, né?! Então, é melhor sermos também omissos e coniventes.

Podemos constatar esta realidade, igualmente, quando não assumimos as responsabilidades pelos governantes que nós mesmos elegemos. Jogamos a culpa nos outros, seja em pessoas ou em circunstâncias alheias. Entretanto, quem os elegeram foram nós. E, por sua vez, eles saíram de nosso meio. São filhos e crias da nação tanto quanto nós mesmos o somos!

Bem, ao não assumirmos a nossa fração de responsabilidade não há como mudar, não há como encontrar uma saída ou uma solução para o processo, seja ele qual for.

No final das contas, agimos tal qual o Felipão, que não gosta de ser questionado, que não gosta de ter suas falhas apontadas... Portanto, em vez de assumirmos e procurarmos acertar da próxima vez, é mais fácil enrolarmos e  dizer que estamos melhorando... Ou seja, empurramos com a barriga, como se diz vulgarmente. E foi assim que pudemos ver uma seleção voltar ao campo, no segundo tempo, não muito diferente de quando entrou, aliás, demonstrando no rosto o olhar patente dos quadros depressivos que assola a nação brasileira, em maior ou menor intensidade.

Enquanto isto, tais quais os jogadores, continuamos martelando que não sabemos o que se passou, o que aconteceu... E, como desabafo, partimos para a galhofa, a zoação, numa tentativa de remendar o nosso emocional e aplacar as dores... Mas isto é remédio passageiro e ilusório... E a próxima derrota poderá ser pior do que a anterior, pois, uma vez que não assumimos, não tem como trabalharmos os erros e buscarmos os acertos!

Ao olhar a seleção alemã, vejo-a numa postura de comiseração e misericórdia para com o país, ali representado na seleção brasileira. Não quiseram enfiar 15 gols, pois seria destroçar, num rompante histórico inigualável e inimaginável, de toda uma história de jogadores, de conquistas, de um povo... Agindo nas linhas de uma postura de dignidade, jogaram com tranquilidade, arrefeceram... Se fizeram mais 2 gols foi porque não tinha como não fazer. Se tivessem abstidos de fazê-los, a derrota seria mais vergonhosa ainda. Pois, teria ficado patente a ajuda prestada... o ato de comiseração ficaria por demais evidente! Então, até mesmo numa postura de respeito, não poderiam deixar de fazê-los.

E nós de cá, ficamos pensando: Como seria, se as posições fossem invertidas? Qual teria sido a postura e a conduta da seleção brasileira? Teríamos o mesmo gesto de compaixão? Teríamos reconhecido o valor histórico do oponente?

Não sei não....

QUEM DETÉM BAIXA ESTIMA É UM PERIGO QUANDO ACHA OU, DE FATO, SE ENCONTRA NUMA POSIÇÃO SUPERIOR...

Deste modo, estamos vendo as pessoas falando mil e uma coisas, mas, para ser honesto, não vemos quase ninguém parando para trazer uma analise de toda esta conjuntura para a própria intimidade e, passar a ver, a partir daí, as posturas, comportamentos e atitudes similares que cada um de nós guardamos ante a Vida, ante o nosso próximo (seja no trabalho, nas ruas, nas esquinas, em nossos lares e etc) e, as quais, temos em similar com todo corpo de jogadores, técnicos etc da seleção brasileira...

Se lançamos nas redes sociais letreiros do tipo: "Aproveita Neymar", mostrando fotografias do mesmo se esbaldando em iates e carrões de luxo... e etc e tal, são mais movimentos de nossas dificuldades íntimas, movimentos nos quais gostaríamos de aparecer tanto quanto ele mesmo, mas já que não podemos... E, assim, partimos para desdenhar.... Porém, ficamos de cá, permanecendo esquecidos do alto preço que tais injunções trazem aos seus comensais.

Para finalizarmos, esperamos, sinceramente, que as lições desta copa não fique apenas na galhofa da maioria, mas que ela sirva, para que cada cidadão brasileiro, repense suas atitudes, comportamentos e posturas.

E ai, quem sabe, ela se torne

UMA LIÇÃO ÚTIL PARA CONSTRUIRMOS UM PAÍS MELHOR E NOS TORNARMOS MELHORES CIDADÃO, PESSOAS MELHORES...