quarta-feira, 27 de agosto de 2014

QUALIDADE DE VIDA, O QUE É?


Recebemos um e-mail de uma leitora de nossas páginas acerca do texto de Agnaldo Paviani, APRENDA A TER QUALIDADE DE VIDA, inserido em seu livro: É HORA DE SER FELIZ, capítulo que publicamos em nossos blogs CANTEIRO DE IDEIAS. Diz ela:

"Por favor, se liga nisto que te falo agora!!! Mas, pondera com o coração.
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O dia que QUALIDADE DE VIDA, não estiver atrelado ao SUS pra cuidar de algum distúrbio na saúde, que você não depender da rede publica para os exames que ainda vai agendar e esperar a vaga... (esperei dois anos por uma fisioterapia); quando não precisar gastar dos seus 725,00 reais mensais, uns 120,00 reais para duas qualidade de frutas no mês, olhar para uma uva de 8,00 reais o quilo, ou frutas de melhor qualidade e simplesmente voltá-las para a banca, porque vai fazer falta para o basicão: gaz, energia, água, material de limpeza, arroz, óleo, feijão e adjacentes, e no meu caso farmácia, então poderíamos falar que dinheiro não trás qualidade de vida...
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E olha que eu poderia continuar com a lista, mas seria muito enfadonho. Talvez dinheiro não compre 'felicidade' mas ajuda bastante! E como você disse: "O dinheiro proporciona conforto material, mas não consegue confortar a alma... O dinheiro é algo bom, sem dúvida, mas não pode ter prioridade em sua vida."
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Sim, talvez não, mas ele proporciona prioridades que a rede pública, a farmácia, o açougue, o sacolão, o armazém, não te prioriza! Entenda, que só quando, COM HONESTIDADE, nos falta dinheiro para o básico da vida, é que podemos opinar sobre este particular. Pense nisto com carinho e cuidado, te peço..."


Bom, um dos enganos de nossa leitora já desfizemos: O texto não é nosso, apesar de concordamos integralmente com ele.

Muito bem! Nos parece que a grande questão aqui é sabermos definir corretamente o que venha a ser QUALIDADE DE VIDA. Se fizermos uma varredura no Google a propósito do assunto, iremos encontrar muitas conceituações. Mas, uma delas nos chamou mais a atenção.

Ei-la: "Como a qualidade de vida pode ser definida? É mais uma questão de qualidade a ser buscada dentro dos programas de qualidade total dentro das empresas. É o tempo de trânsito e as condições de tráfego, entre o local de trabalho e de moradia. É a qualidade dos serviços médico-hospitalares. É a presença de áreas verdes nas grandes cidades. É a segurança que nos protege dos criminosos. É a ausência de efeitos colaterais de medicamentos de uso crônico. É a realização profissional. É a realização financeira. É usufruir do lazer. É ter cultura e educação. É ter conforto. É morar bem. É ter saúde. É amar. É, enfim, o que cada um de nós pode considerar como importante para viver bem." (Definição do Dr. em Medicina e professor pela HCFMUSP Moacyr Roberto Cucê Nobre, São Paulo, SP.)

Com base no que foi dito acima pelo Dr. Moacyr, poderíamos concluir mais acertada e abrangentemente: 

"Qualidade de vida é o método utilizado para medir as condições de vida de um ser humano. Envolve o bem espiritual, físico, mental, psicológico e emocional, além de relacionamentos sociais, como família e amigos e também a saúde, educação, poder de compra, habitação, saneamento básico e outras circunstâncias da vida. Não deve ser confundida com padrão de vida, uma medida que quantifica a qualidade e quantidade de bens e serviços disponíveis." (Fonte Wikipédia.)

Em consequência às proposições acima, quem teria qualidade de vida? Talvez, apenas e tão somente as pessoas que vivam nos países ricos e desenvolvidos possuirão uma boa qualidade de vida. No entanto, seria esta perspectiva real e verdadeira? Se assim é, então, por que países como a Suécia e Suíça, por exemplo, onde imaginamos uma qualidade de vida de altíssimo padrão, podem deter a marca infeliz de terem o maior número de casos de suicídios do mundo?

No outro contraponto, dentro deste panorama, o mendigo que podemos encontrar na rua não teria nenhuma qualidade de vida. Porém, estas perspectivas são reais e verdadeiras? Do ponto de vista material, certamente, ele não terá nenhuma. Entretanto, e se ele for alegre, intimamente feliz, estiver satisfeito consigo mesmo e der pouco ou nenhum valor à sua situação (condição) social? Teria ele, neste caso, menor qualidade de vida do que Barack Obama, atual presidente do EUA (ano de 2014), supostamente, cercado por preocupações, de ansiedade etc., concernentes à situação de seu país, sobre a situação econômica interna e mundial, ou a propósito do contexto do mundo - mormente: Rússia, Israel, Irã, Faixa de Gaza e etc.?

Assim, ao lançarmos um olhar mais profundo sobre todas estas expectativas (ideias) podemos concluir que "qualidade de vida" não poderá estar atrelado ou vinculada às questões de cunho material. E de fato não está. Ainda bem, pois, caso contrário, estaríamos vivendo um verdadeiro inferno, sem muitas opções ou probabilidades de redenção ou de ser feliz.

Qualidade de vida é um estado íntimo, uma condição da alma. Onde a paz é presença obrigatória, onde você permanece em tranquilidade, independentemente, das situações externas. É o olho do furação: Ao redor, os ventos rugem; objetos são arremessados e destruídos; é o reinado do caos. Porém, no olho do furação, encontramos a calmaria... a tranquilidade... e as luzes do Sol brilha por entre as frestas das nuvens e somos banhados em suave claridade...

Realmente, não é um estado íntimo de muitos. Entretanto, alcançada esta condição, não importa se você é presidente dos EUA ou um mendigo de rua... Não importa se você está na fila do SUS, por anos, aguardando um tratamento qualquer para sua doença incurável. Você está lá, porém em paz. Tranquilo! Compreende sua situação, e se sente preenchida por uma confiança inabalável na Justiça Divina, não titubeia ao olhar o furacão existente ao seu redor... Luta pela melhoria de sua situação física ou econômica, mas sem desespero, sem imputar culpas, sem angustias e etc.... Não teme a morte, porque, tem a certeza absoluta de que ela não existe e você continuará sempre!

Possui uma fé inabalável de que tudo que lhe acontece é para seu bem, pois Deus é Amor.

Realmente, bem poucos possuem tal satisfação íntima. Satisfação que não está atrelada à sua condição orgânica (física), social, cultural, econômica e etc. Ao seu redor, a tempestade ruge. As ondas das discórdias, da ignorância gritam alto, mas você se encontra em paz! Sua consciência se firma na certeza do dever cumprido e na retidão da conduta cristã. Não há paz maior do que está.

Lá fora, pessoas correm desesperadas atrás dos confortos materiais, de uma condição social mais favorável... Passam a vida dando pernadas uns nos outros para levar um mínimo de vantagem... Querem aparecer nas mídias sociais... É a ditadura da imagem, do parecer... Se agitam e se contorcem para conseguir comezinhos detalhes de uma ilusão passageira... Mas, aquele que já compreendeu, que se conhece, em sua intimidade, reina a paz. A certeza de que a Vida verdadeira é mais do que isto. Não é ter, é ser!

Não é o fato de uma doença lhe corroer as entranhas que ela lhe tirará a qualidade de vida, porque você sabe: Você não é a doença... Você está, momentaneamente, doente! E esta doença é apenas um método educativo, de que ainda precisa por não ter conseguido aprender corretamente a lição ministrada anteriormente. Então, você sabe, pois se conhece, está consciente. Muitos pensam que estão conscientes, mas não estão: Dormem! Você está consciente quando você tem a mais absoluta certeza: Deus não é vingativo, É AMOR! Deus não pune, EDUCA! Não castiga, CORRIGE! E etc....

Você está consciente, quando percebe seu corpo, o sente, sabe que está aqui e agora! Neste estado você não está imaginando, fantasiando... ou, sonhando de olhos abertos... Você sabe quem você é, sabe onde está, porque está onde está e como está. Além de tudo, sabe para onde vai! Ou seja, qual é o seu destino final! Para onde irá! Você se vê e vê o outro! Enxerga as motivações...

Na outra ponta da linha, quem se encontra adormecido se apega à uma fé cega, porque destituída de razão, de lógica...  Não detém bom senso!!! Para eles, é a palavra que vale, pois foi fulano quem disse, foi Deus quem disse! Ah é, disse mesmo?! Certeza?! Eles tem. Como? Não sabem, mas tem! Então se foi Ele quem disse, por que não diz sempre? a toda hora? Por que calou? Ficou mudo? Perdeu a língua?... Loucuras de uma concepção puramente humana e nada mais!

Quem está acordado (consciente) tem a certeza fundada na razão esclarecida. Vê e compreende além. Não se apega a papéis, papiros, palavras... Ele conhece a si mesmo. Sabe de onde veio, onde se encontra e para onde vai.

E, deste modo, ele não se revolta. Pois, compreende! Pode agir com bravura, para alguns; com aspereza, para outros; mas, intimidade, ele está tranquilo, sereno, em paz! Então, compreende que, quando Jesus expulsa os vendilhões do templo (Mateus 21:12 e João 2:15), Ele, o Mestre, estava intimamente sereno, tranquilo... em PAZ!!!

Viver neste estado é TER QUALIDADE DE VIDA, independentemente de sua situação ou condição exterior.

Ele está presente, diante de si mesmo. Ele encontrou a paz íntima diante de uma vida-furacão, jugulado pela doença ou por uma situação difícil; ou, antes, vivendo numa sociedade-furacão dominada pelo ruído, pelo movimento e por um ritmo de vida cada vez mais acelerado e alucinado. E esse mesmo furação, símbolo vivo do movimento, da destruição, do conflito, da agitação, do caos... possui no seu centro um ponto onde a paz permanece inalterada: É o olho do furacão!

Alguns podem afirmar que alcançar este nível é impossível. Não, não é! Será, se não houver nenhum esforço, nenhum trabalho para alcançá-lo. É uma questão de atitude, de disposição, de esforço, de trabalho, mas antes de tudo: De conhecimento. Sem conhecer, não saberemos para onde ir ou o quê fazer.

Pense nisto:

1) Existem três atributos da matéria. Eleva-te acima desses três atributos, se queres ter qualidade de vida. Liberta-te dos contrastes das forças opostas da Natureza, firma-te sempre na consciência do teu Ser Real, despreza a avidez das possessões materiais, concentra-te em ti mesmo e não te entregues às ilusões do mundo finito.

2) Fique atento às tuas ações, pois uma vez iniciada, as consequências serão inevitáveis. Mesmo que consigas o intento delas, se o teu próximo foi prejudicado, criastes um Kharma que deverá ser resgatado em tempo oportuno.  Se tua ação promoveu o bem do próximo, terás gerado um Dharma. Por conseguinte, atente bem ao princípio: Quem semeia vento colhe tempestades! Quem planta boas sementes, colherá bons frutos! Isto é inevitável e inviolável.

3) O homem que anseia pelos objetos dos sentidos, a eles se apegam; do apego nasce o desejo, do desejo a paixão. A paixão gera a ilusão, a ilusão leva à perda da memória; da perda da memória resulta a perda da razão e da lucidez e, com isso, perde-se o homem totalmente.

4) O coração do homem é como um oceano para o qual afluem todos os rios... Se, apesar disso, permanece constante e não sai dos seus limites; se o homem sentindo o ímpeto dos desejos e das paixões, mas todavia permanece imóvel; esse alcança a paz. Porém, aquele que se entrega aos desejos, não conhece a paz e se torna escravo dos desejos inquietantes.

5) A ação poderá ser interessada, visando a um resultado, pleno de desejos, ou desinteressada. A ação desinteressada é a única que poderá libertar o homem pois, nela não existe apego, nem a ideia da permanência ou a busca de segurança em um mundo em que todas as coisas são transitórias. Todos aqueles que violam essa norma natural pecam contra a sua própria natureza, e irão colher os resultados inevitáveis dessa cegueira fundamental diante da realidade dos fatos.

Comece com estas orientações e, depois, mais amadurecido, outras virão ao seu tempo.

Paz e alegria!

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

MEDOS...

PREÂMBULO

Falaremos hoje, um pouco, acerca dos MEDOS. Recebemos uma solicitação amiga pedindo-nos para falarmos alguma coisa sobre o medo "desde o ponto de vista da Doutrina Espírita".

Antes porém, acerca desta questão, "desde o ponto de vista da Doutrina Espírita", devemos efetuar os seguintes esclarecimentos: O bom da VERDADE é que ela não tem bandeiras e, menos ainda, não é propriedade ou direito restrito de qualquer grupo ou pessoa, seja ele religioso ou não.

A Verdade simplesmente é, ou seja, ela é o que é independentemente de quem lhe defenda ou lhe ataca. Em outros termos, ela existe por si mesma e está acima de quaisquer discursos ou desentendimentos. A Verdade não se sujeita aos nossos padrões e conceitos.

Por conseguinte, a Verdade não é Espírita, não é Católica, não é Protestante, não é patrimônio exclusivo dos Evangélicos, dos Espiritualistas, dos Esotéricos, dos Budistas, dos Induístas, Xintoístas, do Xamanismo ou das Ciências e etc. Não importa qual ramo de conhecimento ou de filosofia que a divulgue, a propague ou proponha, proíba e etc.. A Verdade, necessariamente, será verdade e tem de ser verdade em todas as épocas e linhas de pensamento, não importando o que se diga a respeito dela.

Se "algo" que é dito em um ramo do conhecimento é desmentido em outro, há algo de errado. Alguma coisa não está batendo, ou foi mal entendida, mal interpretado e etc. A Verdade sempre será verdade mesmo que não aceitemo-la ou não consigamos entendê-la.

Sendo assim, vamos encontrar a Verdade, desde que seja realmente verdadeira, nos mais diversos campos do pensamento humano. Por exemplo, se a informação "a Terra gira ao redor do Sol" é verdadeira, ela tem de o ser tanto na área das ciências, quanto na religiosa, na filosófica e etc. A Verdade não pode ser verdade aqui (por exemplo, no Espiritismo) e mentira na área científica.

Compreendido isto, devemos entender que nós outros, através de instrumentos diversos ou fundamentados em nossos sentidos, na lógica, na inteligência e etc., interpretamos a Verdade, porém, como não poderia deixar de ser, dentro de nossas limitações e dificuldades, o que pode nos levar a erros e desacertos, em relação à Verdade, proporcionais, é claro!, aos parâmetros com os quais a estamos aferindo. Daí encontrarmos tantas contradições, intolerâncias e etc. nos diversos setores do conhecimento e das interações humanas.

Voltando nosso olhar para além das personalidades humanas, ou seja, extrapolando-nos como pessoas, vamos encontrar correntes de pensamentos, religiosas, de ideias, de filosofias e etc. que nos descerram a Verdade mais ou menos desvestidas das roupagens ilusórias, mitológicas e fantasiosas que nossas limitações e problemáticas lhe impusemos ao longo do tempo e da própria trajetória evolutiva dos seres humanos.

Dentro desta perspectiva, encontraremos as luzes do Consolador, fazendo brilhar em nosso plano (dimensão) de vida, com extremado respeito aos nossos limites, trazendo a Verdade percebida por aqueles que se encontram além da matéria densa (física), acerca de várias e várias questões do interesse humano.


ÂNGULOS DOS MEDOS

Após este rápido introito, tentaremos abordar a questão do MEDO trazendo algumas angulações exequíveis do mesmo. Entretanto, é bom que se diga, desde o início, que não temos pretensão de explicar o medo sob todas as suas possíveis fáceis, esgotando o assunto. Mesmo porque isto não é tão simples e fácil assim para que possamos adentrar em todos os ângulos do tema, resumindo-o, em tão poucas linhas. Neste trabalho, nosso objetivo é trazermos algumas diretrizes, indicar algumas direções, apontar algumas nuances de abordagem da problemática e é só.


O MEDO E O SER ESPIRITUAL

Todos nós somos seres espirituais em evolução. Isto é, somos espíritos em processo evolutivo. E o medo é uma das bases em que se assenta a evolução do ser. Nesta direção vamos encontrar um encadeamento no processo construtivo do MEDO: O instinto de Conversação, presente no ser espiritual (Espírito ou Princípio Inteligente), leva à geração do egoísmo (EGO) que irá desencadear o aparecimento ou a criação das Paixões. O Medo é uma das Paixões básicas (primárias). São nove, as paixões básicas, as outras são: A Preguiça, a Ira, o Orgulho, a Vaidade, a Inveja, a Avareza, a Gula e a Luxúria. Destas Paixões se originam todas as outras emoções que podem prender (ligar, atar, unir) o homem à materialidade, ou ao Universo Material (Questão 907 e seguintes de O Livro dos Espíritos).

Ao mesmo tempo, são também as bases do processo evolutivo do ser, que, superando-as, conseguirá se projetar numa dimensão diferenciada da Vida, onde não temos palavras para descrever as inter-relações dos seres e seu labor no Universo. Na medida que vencemos nossas paixões, trabalhamos no aprimoramento de nosso carácter e às nossas Virtudes vão encontrando boa terra para florescerem.

Portanto, se o Universo é regido pelo yin e yang (dualismo), vamos encontrar como contraponto das Paixões, as Virtudes, que são, verdadeiramente, as molas propulsoras dos sentimentos nobres, os quais são, de fato, a esteira ou os guindastes que nos levarão ou içarão às dimensões superiores do existir, dentro da Eternidade Divina. Porém, não vamos aprofundar nesta estória, pois nossa questão aqui é tratarmos do tema MEDO.


MEDO

Se não existisse o sentimento (sensação) e a emoção de MEDO, a humanidade não teria chegado até aqui. Portanto, ele é necessário não somente à sobrevivência do ser, mas faz parte do processo evolutivo dos espíritos (cfe. dissemos acima).

Em consequência, o MEDO passa a se tornar um problema quando nos impede de avançarmos, ou de nos autossuperarmos, ou de vencermos alguma dificuldade, limites etc. Como nos lembra muito bem O Livro dos Espíritos, na questão 907, as paixões (e dentre elas, o medo) apenas se torna problema em seu excesso. Ou seja, se o MEDO se torna exacerbado ou excessivo, ele volta-se paralisante ou impeditivo. A partir deste momento, torna-se um obstáculo. Por consequência, neste caso, é ruim e se transforma em algo mal, por alimentar ou gerar em nós desequilíbrios, transtornos, paralisias e etc.

Todos os seres que ainda não alcançaram a iluminação (a consciência plena de si mesmos), vivem presos nas redes (malhas, tramas) do MEDO, em maior ou menor intensidade. Sob este ponto de vista, da utilidade do medo no processo evolutivo dos Princípios Inteligentes do Universo, poderíamos classificá-lo à parte, uma vez que este medo é derivado tanto de fatores endógenos (internos) quanto exógenos (externos) ao mesmo tempo. Sob outro ponto de vista, indo além desta perspectiva, iremos encontrar outros fatores - geradores ou desencadeantes - do medo, os quais poderíamos classificá-los ora como sendo endógenos, ora como exógenos.


FATORES ENDÓGENOS

Como fatores endógenos, podemos citar duas fontes: Processos Mediúnicos, isto é, de sensibilidade (perceptivos) do próprio ser e a Configuração do Perfil Psicológico dos seres (Espíritos).

+ PROCESSOS MEDIÚNICOS

Em nossa experiência pessoal, temos observado ao longo do tempo que aquelas pessoas possuidoras de uma sensibilidade maior, ou mesmo de uma mediunidade mais ou menos ostensiva, possuem um temor ou MEDO mais exacerbado, principalmente, dos espíritos ou dos fenômenos paranormais (ou sobrenaturais).

Estes indivíduos, trazendo compromissos de refazer os próprios caminhos, ajudando o próximo, mormente, àqueles que prejudicou no passado (existências anteriores), sentem estas repercussões e temem. Eles tem MEDO de falhar, de cometer (repetir) os mesmos erros e etc. Também tem MEDO dos adversários que se aproximam, vibrando nas linhas da revolta, do ódio e etc. e, por ressentirem, no próprio organismo, as repercussões destas vibrações antagônicas, o medo desponta, levando-os a recuarem e, mesmo, a negarem a própria sensibilidade (percepções). E é precisamente aqui que mora o grande perigo!

Recuar é abrir falência e ab-rogar os compromissos assumidos, se comprometendo e se complicando ainda mais para o futuro, seja próximo ou longínquo. Os sensitivos que recusam lançarem mão da charrua, se dispondo e saindo à campo, no cumprimento dos deveres assumidos, abrem as portas de seu ser para as mais variadas complicações, tanto em níveis emocionais, psicológicos e/ou espirituais. Ao não atenderem aos compromissos (chamado), acabam por caminharem nas linhas dos regastes mais dolorosos, através dos sofrimentos purificadores e doenças várias, tanto no campo somático quanto no  emocional, ou mesmo intelectivo.

As pessoas que demonstram deterem percepções no campo mediúnico devem procurar estudar, se informarem e se esclarecem, colocando-se sob a orientação de seus Mentores Espirituais, se preparando para cumprirem com os compromissos assumidos (mandato mediúnico), trabalhando deste modo pelo seu resgate e sua liberdade, a qual foi comprometida no ontem, em razão de comportamentos e atitudes desequilibradas, tanto em relação a si mesmos quanto relativamente ao próximo.

+ CONFIGURAÇÃO PSICOLÓGICA

Os seres humanos se configuram dentro de alguns padrões emocionais e intelectivos que podemos catalogar a partir de algumas características psicológicas. Todos nós possuímos um Traço Principal, alicerçado nas Paixões, que conformará nosso carácter, ou seja, o nosso jeito de ser, de perceber o mundo e de interagir com as pessoas. Uma destas categorias, sob a perspectiva emocional, são a dos Medrosos. A classificação destas categorias possui relações diretas com a expressão dos sete Pecados Capitais, acrescidos do Medo e da Vaidade, perfazendo um total de 9 tipologias básicas de seres humanos.

A classe dos Medrosos se exprime, emocionalmente, sob o colorido do medo. O teor de sua vida emocional está encharcado ou embaciado pela emoção e/ou sensação de medo.  Consequentemente, por trás de todos os seus processos emocionais vamos encontrar, na base dos mesmos, a presença do medo. E esta presença irá definir seu estilo de vida, seu modo de ser, de agir, de atuar e reagir; enfim, suas dificuldades e limitações serão definidos pela existência de um medo, que, na maioria das vezes, não é perceptível à própria pessoa, porém é atuante e está subjacente na vida emocional destas pessoas. Obviamente, esse colorido emocional irá ter maior ou menor relevância na conformidade (proporção) da situação e do contexto evolutivo de cada um.

Seja como for, a Vida (ou seja, tudo) será visto e percebido através desta ótica (colorido) especial, no caso que ora estamos tratando, pela presença de um medo que pode ser difuso ou não necessariamente. No entanto, este é um tema bem mais complexo, o qual nos exigiria a escritura de alguns livros para podermos abordar todos os ângulos da questão. Logo, deixamos aqui apenas algumas linhas para se entender os movimentos gerais da questão das paixões e, no caso que estamos tratando mais especificamente, da Paixão do MEDO.


PROCESSOS EXÓGENOS

Quanto aos processos que poderíamos classificar como exógenos, traremos nesta linha de classificação, os Processos Espirituais (chamados, no Espiritismo, de Obsessivos) e as Reencarnações Transatas.

+ PROCESSOS ESPIRITUAIS

Em primeiro lugar, estes processos ficam por conta daqueles que prejudicamos no ontem. São aqueles (homens, mulheres ou crianças) que ferimos, destruímos, roubamos, matamos  e etc. em nossas vidas transatas (anteriores). Estes corações movidos pelo desejo de vingança, de irem à desforra, nos buscam, visando trazer-nos prejuízos ou danos; levando-nos, deste modo, a não conseguirmos fazer frente aos compromissos assumidos no campo da mediunidade com Jesus. No bojo desta ideia, alimentam e fomentam os nossos MEDOS. Trazendo-nos impedimento ou até mesmo a paralisia, não apenas ante os compromissos assumidos, mas até mesmo em relação ao nosso crescimento pessoal, o qual, no fundo, é o alvo para o qual apontam seus esforços.

A par destes desavisados e atormentados (tanto quanto nós mesmos), em segundo lugar, vamos encontrar os adversários gratuitos do Bem. Ou seja, apesar destes corações não terem nenhuma relação direta conosco, desde o ontem, porém por não desejarem ver instaurados na Terra os tempos de paz, de harmonia e de progresso, nas bases do amor, da compreensão e da tolerância cristãs, labutam pela falha dos que se propõe crescer ou auxiliar o próximo. Portanto, estes corações se empenham para que o desequilíbrio e o desentendimento perpetue sobre o globo (o planeta).

Se os seres humanos não despertarem, se continuarmos mantendo o estado de Consciência de Sono no qual nos encontramos, eles continuarão tendo o controle e o domínio sobre nós. Crescermos, é libertarmo-nos do cárcere psicológico-emocional que nos encontramos submetidos, isto é, nos alforriaremos de suas garras.

Deste modo, estes adversários do bem e da luz, promovem processos que levam os sensitivos a temerem (medo), recuando frente aos compromissos abraçados em algum momento. Assim, eles alimentam os nossos MEDOS, instigam nossos temores, ou seja, amplificam os medos e receios que já trazemos na intimidade. Logo, temerosos, nós recuamos, não trabalhando para que seja implantado na Terra a Nova Era. O que nos leva a maiores complicações e sofrimentos de futuro, seja quando retornarmos ao Mundo Espiritual e/ou nas próximas reencarnações.

Acima falamos de mediunidade com Jesus. Nos expressamos assim porque, a mediunidade sempre teremos. Ou seja, uma vez sendo portadores de mediunidade não tem como jogá-la fora e ficarmos sem ela. Isto não existe. Mediunidade nada mais é do que uma capacidade perceptiva, tal como os olhos ou a audição. Mediunidade é apenas um sentido a mais, e, por ser a mais, é designado, por alguns, de sexto sentido. Consequentemente, ou a nossa mediunidade estará a serviço de Jesus, promovendo o bem ao nosso derredor; ou, ela estará à serviço das Trevas que labutam e querem que tudo fique como está. E, para que tudo permaneça do jeito que está, nada melhor do que alimentar e fomentar os MEDOS, receios e temores que trazemos na intimidade das mais diversas áreas e campos, principalmente, alimentam o medo dos espíritos e pelas questões espíritas.

+ REENCARNAÇÕES TRANSATAS

Todos nós já existimos antes. Negar isto é prova de fanatismo, ou recusa de usar o raciocínio lógico, dando provas incontestes de estupidez e ignorância. E estas duas irmãs gêmeas, nos levam aos maiores absurdos que possamos imaginar, inclusive ao fanatismo religioso, político e outros tantos.

Todas as diferenças encontradas nos seres, tanto no campo da inteligência, da aceitação de situações e contextos diversos, indo das doenças, às consequências apresentadas na vida atual, se explicam e justificam sob as luzes de termos existidos anteriormente. Não existe nenhuma outra explicação lógica, plausível e científica para tantas diferenças e para com determinadas situações de pobreza, de saúde, de inteligência, de capacidades cognitivas e etc. etc. etc.

Como alguém pode nascer doente e outro sadio? Como explicar que um nasce pobre e outro em berço de ouro? Como alguém pode nascer cego e tantos outros enxergando o que deve e não deve? Como uma criança pode nascer portanto síndrome de Down, ou câncer, paralitico e etc? e outras milhares não, gozando da mais perfeita saúde ou nem tanto?

Sem uma existência prévia do indivíduo, Deus redundaria em algo absurdo, louco, verdadeiro monstro ou psicopata. À luz da reencarnação tudo se explica e entra harmoniosamente nos eixos. E podemos ver aí a manifestação plena da sabedoria e bondade de Deus ("Sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, na terceira e na quarta geração daqueles que me aborrecem." - Êxodo 20:5.)

Sim, Ele faz esta visita porque é o próprio ser (o próprio pecador) que está retornando (reencarnando). Se assim não fosse, Deus seria injusto e alguma coisa absurdamente louca. Imagine se fôssemos caminhar pelo mundo, punindo quem não tem nada haver com os erros praticados por nós, exceto, pura e simplesmente, por ter dado um tremendo azar de nascer naquela determinada família. Isto não tem senso de justiça. Nem mesmo nas concepções canhestras dos seres humanos isto se justifica. Então, podemos ver nos postulados de algumas religiões, quando defendem a existência de uma única vida para o ser, a manifestação plena da loucura humana. Realmente, a loucura humana não tem limites!

Quanto à questão do MEDO, também este se encaixa perfeitamente neste perfil reencarnatório. Por exemplo, a pessoa tem medo de altura, de lugares fechados e etc. Mas, como? Se alguns deles nunca passaram, nem perto por situações, ou de um histórico familiar, ou de uma criação (educação) que lhes pudessem deixar algum trauma, alguma marca, neste sentido. Então, como explicar?

Assim, muitos de nossos MEDOS tem origem nas vidas transatas (passadas), isto é, nas vidas vividas anteriormente. Lá atrás, alguma coisa aconteceu ou alguma circunstância ocorreu, no passado remoto daquele ser, que o levou a manifestar, na personalidade atual, um determinado medo, temor, ou receio e etc..

Além deste aspecto, também iremos encontrar os MEDOS que tiveram seu nascedouro na vida levada pelo espírito na dimensão extrafísica ou espiritual. Além da morte, continuamos existindo "conscientemente", tanto quanto estamos aqui. Lá vivemos, agimos e fazemos "coisas". Passamos por situações diversas que podem gerar alguns dos medos e traumas que transportamos para a vida atual (presente).


COMO SUPERAR OS MEDOS?

Podemos usar várias técnicas, desde as terapias acadêmicas até o trabalho nas linhas do conhecimento de si mesmo. O certo é que, em quaisquer das linhas que viermos a trabalhar (envidar esforços), teremos de passar pelo enfrentamento emocional das causas do MEDO. E para tanto, nada melhor do que trabalharmos com a conscientização, com conhecimento de si mesmo e com a superação dos medos através da informação, do esclarecimento e da aprendizagem acerca do assunto.

Portanto, repetimos, podemos buscar ajuda nas terapias acadêmicas, no aferimento de informações sobre o assunto e etc. O conhecimento espírita, neste sentido, é uma grande ajuda terapêutica na superação dos MEDOS. E a vivência evangélica, isto é, dos postulados e ensinamentos contidos nos Evangelhos, propostos por Jesus, nos dará, igualmente, excelentes bases para superarmos nossos medos e dificuldades morais.


AINDA EM TORNO DO MEDO

Na sequência, deixaremos a indicação de alguns vídeos e livros que serão de ajuda para se iniciar o processo de entendimento do tema MEDO e dará, aos que abordá-los, algumas linhas gerais para avançarem na compreensão e superação dos próprios medos.


VÍDEOS:
Medos e Fobias (ótima e muito interessante, vale a pena assistir):
https://www.youtube.com/watch?v=ewo8SHXaP9Q#t=14

O Medo à Luz da Doutrina Espírita (muito boa, também vale assistir):
https://www.youtube.com/watch?v=2U94F7lv_5A



LIVROS POR AUTORES ESPÍRITAS:
+ Não Tenha Medo dos Espíritos
- Teixeira, Raul (autor)
- Rosângela (Espírito)
- Pessoa, Allan (ilustrações)

+ Medo - A Fraude que nos Aprisiona
- Rodrigues, Josué Douglas (autor)

+ Quem Tem Medo dos Espíritos?
- Simonetti, Richard (autor)



LIVROS POR AUTORES NÃO ESPÍRITAS:
+ Medos, Fobias e Pânico
- Possatto, Lourdes (autora)


APRENDA A TER QUALIDADE DE VIDA

Um dos graves problemas da Humanidade, na atualidade, é a falta de qualidade de vida.

Qualidade de vida não é sinônimo de ter dinheiro ou status, até porque há milionários, que possuem uma péssima qualidade de vida.

Se para ter qualidade de vida fosse necessário ter dinheiro, as pessoas ricas não ficariam tristes, não teriam depressão e não cometeriam suicídio. Se a qualidade de vida estivesse associada a status e dinheiro, os países considerados de primeiro mundo (países ricos) seriam os melhores lugares para se viver.

Muitos dizem que se tivessem dinheiro seriam felizes, mas isso não é verdade. Se fosse, os consultórios dos psicólogos e psiquiatras não seriam tão frequentados por quem tem dinheiro.

O dinheiro compra coisas, mas não pode comprar a felicidade.

O dinheiro proporciona conforto material, mas não consegue confortar a alma...

O dinheiro é algo bom, sem dúvida, mas não pode ter prioridade em sua vida.

A QUALIDADE DE VIDA ESTÁ ATRELADA AO QUE VOCÊ FAZ DA SUA VIDA E NÃO AO QUE POSSUI MATERIALMENTE.

Grande parte das pessoas são infelizes porque não aprenderam, A TER QUALIDADE DE VIDA.

Conheço pessoas que têm muito dinheiro. Em compensação, trabalham quinze horas por dia, nunca tiram férias, privam-se da companhia da família e vivem tensos com medo de um sequestro.

Não me cabe julgar mas fico a me questionar: SERÁ QUE ESSAS PESSOAS, APESAR DO DINHEIRO, SÃO FELIZES?

- Agnaldo Paviani, no livro É Hora de Ser Feliz.