terça-feira, 19 de setembro de 2017

SEXUALIDADE HUMANA

Tentando trazer alguma contribuição para que este tema seja mais bem compreendido nos dispusemos a escrever o texto que se segue. A nossa expectativa é de que, no final do mesmo, pelo menos, as pessoas estejam compreendendo três pontos ou aspectos fundamentais da sexualidade: Gênero, Identidade e Orientação sexual.
Mas, antes de abordamos estas questões, é válido sabermos que a sexualidade humana é um terreno que se encontra em franco estudo e novas definições vai surgindo e sendo divulgadas atabalhoadamente. Indiferentemente de se os mesmos continuam sendo ignorados e/ou desconhecidos por grande parte da população. Este fato, de per si, deveria servir-nos para refletirmos sobre o quanto a sexualidade ainda é um tema melindroso, sensível e de tabu para a maior parte da humanidade.
O desconhecimento destas questões pode acabar nos levando a sermos atropelados pelas situações e/ou circunstâncias, relativas ao campo da sexualidade. Situações e circunstâncias estas que não esperam estejamos preparados ou prontos para lidar ou fazer frente a elas, definindo que apenas nos movemos ou fazemos algo quando somos açoitados pela tempestade.
Estas situações além de definirem a nossa situação ante o tema, comprovam que grande parcela da população ainda tem como fontes de informações as novelas e/ou noticiários da TV. Porém, estes abordam somente assuntos que lhes interessem em alguma medida, e, muitas vezes, igualmente, não esclarecem a contento, devido ao fato mesmo da exposição obedecer a determinados interesses e critérios que não são os do esclarecimento.

O certo é que toda esta confusão, relativas ao campo da sexualidade, são originárias de fontes várias e diversificadas ao longo do tempo. E se os vários "problemas" relativos ao campo da sexualidade, estão se tornando cada vez mais comuns, de um lado; por outro, continuam desconhecidos e/ou sendo rejeitados, quando surgem a lume, pela grande maioria das pessoas.
É verdade que a liberdade de expressão, aquisição adquirida, particularmente, nos últimos tempos, e, por certo, muito bem vinda, a qual está se tornando cada vez maior, graças a Deus, auxilia no surgimento, ou, ao menos, traz à tona diversos aspectos e as várias questões e problemáticas relativas à sexualidade; as quais, antes disto, passavam desapercebidas ou tendo existência nos subterrâneos humanos.
Deste modo, contrastando com poucos anos atrás, hoje em dia, todas essas problemáticas se tornam ou se dão a conhecer mais aberta e francamente. No entanto, além de toda resistência que o assunto encontra; por outro lado, o fato de estar saindo dos porões, não resolve ou dá solução a estas mesmas questões e não as tornam mais aceitas ou faz com que sejam mais bem compreendidas.
A escassez de estudos mais aprofundados, herança das resistências e preconceitos de se abordar o assunto pelas gerações anteriores, conduziram os estudiosos e pesquisadores a percepções e conclusões parciais, e, ao mesmo tempo, a uma falta de abordagem mais livre, mais isenta e mais ampla, por parte de psiquiatras e psicólogos destas gerações; circunstâncias estas que nos levam a encontrar muitas divergências na atualidade, acerca de tema tão intricado e impactante na vida social e individual da humanidade.

Outro aspecto relativo ao desconhecimento do assunto, deve-se a pouca divulgação, o quê, também, demonstra o quão pouco estamos preparados para abordar e tratar deste assunto. Como dissemos no início, a sexualidade continua sendo um terreno melindroso, sensível e de bastante tabu por grande parte de nós outros. Não nos sentimos bem falando sobre ele, seja com os iguais ou entre pais, filhos e etc. O que vai originando os diversos guetos do “sexualismo”, seja no âmbito individual, familiar ou social.

Muito bem!
Após este rápido vislumbre da situação, dentro do campo da sexualidade, vamos nos deparar com muitos termos e definições que acabam nos trazendo mais confusão, em vez de nos trazer clareza e explicações apaziguantes. Hoje em dia, expressões tais como homossexualidade, heterossexualidade, bissexualidade, gays, lésbicas, travestismo, drag-queens e etc já não são suficientes para designar todos os aspectos e situações que surgem da e na área que hora abordamos como temática.
Por conseguinte, ao pesquisarmos sobre o tema da sexualidade humana vamos encontrar novos vocábulos, ou não tão novos assim, como: hermafroditismo, transexualidade, transgênero, bigênero, pangênero, assexualidade, androginia, cisgênero, parafilia, fetichismo, CDs ou crossdressers, transformistas e outros tantos.
Juntando-se ainda o fato que estas definições (vocábulos) se interligam uns aos outros, por exemplo, a pessoa pode ser transgênero e, mesmo assim, ter uma orientação hetero, homo ou bissexual e etc, nos confundem ainda mais, antes que esclarecendo às nossas cabeças.

E nessa Babel, pelo menos, quanto a três aspectos, os diversos estudiosos são unanimes, considerando que os mesmos são fundamentais, e, portanto, comuns a todos, a saber: gênero, identidade sexual e orientação sexual.
As definições a seguir são capitais e, por conseguinte, nos darão um bom caminho para abrirmos entendimento sobre a temática da sexualidade.

GÊNERO:

Corresponde ao sexo da pessoa. Assim, temos o sexo ou gênero feminino e o masculino. Temos também aqueles que nascem com características sexuais tanto de um sexo quanto de outro: os andrógenos e os hermafroditas, sendo que os últimos nascem com ambos órgãos, geralmente, com um predominante. Quanto a estes, seu gênero costuma ser considerado de acordo com as características físicas predominantes – femininas ou masculinas. Entretanto, em alguns países, são adotados e vistos como um terceiro sexo.


ORIENTAÇÃO SEXUAL:

Diz respeito à atração que os indivíduos sentem por outros. A orientação sexual envolvem questões sentimentais e não somente sexuais. Assim, se a pessoa gosta de indivíduos do sexo oposto, falamos que ela é heterossexual (ou heteroafetiva). Se a atração é por aqueles do mesmo sexo, sua orientação é homossexual (ou homoafetiva). Há também aqueles que se interessam (sentem-se atraídos) por ambos os sexos: os bissexuais (ou biafetivos).

Alguns estudiosos consideram, ainda, os ASSEXUAIS, que seriam aqueles indivíduos que não sentem nenhuma atração sexual; e os PANSEXUAIS, ou pessoas cuja identificação com o outro independe de seu gênero, orientação, papel e identidade sexual. Há outras fontes que adotam a pansexualidade como a abrangência e o interesse sexual por animais ou outros seres vivos e até mesmo por objetos.


IDENTIDADE SEXUAL:

A identidade sexual é a forma como o indivíduo se percebe em relação ao gênero que possui.

Quando a pessoa de determinado gênero se sente mais como se fosse de outro, independentemente de sua orientação sexual (às vezes, relativamente, até mesmo em contradição ao seu papel sexual), dizemos que ela é transgênera e/ou transexual.


TRANSEXUAL:

São pessoas, masculinas ou femininas, que sentem um conflito entre a sua anatomia fisiológica (gênero) e o seu psiquismo (identidade sexual). Ou seja, estas pessoas conflitam entre o seu gênero e à sua identidade sexual, possuindo um forte desejo de modificar o corpo, através da terapia hormonal e de cirurgias de redesignação sexual.

Os transexuais geralmente possuem uma orientação sexual heteroafetivas. Ou seja, se a sua identidade é feminina, sentiram atração por homens e se masculina, por mulheres.

Aqui vale lembrar, que alguns estudiosos consideram como transexuais somente aquelas pessoas que fizeram a cirurgia de redesignação sexual. Estes estudiosos em particular, classificam todos os que sentem certo conflito entre a sua identidade e o seu gênero, como transgêneros.


TRANSGÊNERO:

São aquelas pessoas, tanto masculinas quanto femininas, que sentem a necessidade de poder se expressar como o sexo oposto (usando roupas ou outros adornos, por exemplo), mas não tem a necessidade intensa de modificar sua anatomia corporal ao ponto de fazerem cirurgias de mudança de sexo.

Dentro deste universo, as mulheres são mais bem aceitas pela sociedade, passando despercebidas por esta mesma sociedade. Uma vez que as mulheres se portarem ou usarem acessórios e etc que seriam mais definidores da masculinidade, tais como roupas, adereços, cortes de cabelo e etc, são mais aceitáveis e mais bem acolhidas pelas sociedades machistas.

No caso dos transgêneros, nem sempre a sua orientação sexual vai compatibilizar par a par com a sua identidade sexual. Neste sentido os transgêneros sentem o desejo e a necessidade de se manifestarem ou expressarem como o sexo oposto; no entanto, nem sempre a sua orientação sexual será estritamente vinculada à sua identidade sexual. Isto é, no campo da transgenia a orientação sexual poderá ser heteroafetivo, homoafetivo, biafetivo, assexual ou, mesmo, pansexual.

Por conseguinte, nem todo transgênero é homossexual, como muitas cabeças consideram e pensam. Ele poderá ter outras orientações sexuais, variando de indivíduo a indivíduo, e sempre lembrando que identidade sexual é uma coisa, e, orientação sexual é outra.

Certamente, neste texto não tivemos a pretensão de desbravar todo o universo da sexualidade humana, pois o mesmo se mostra cada vez mais amplo, intricado e complexo; mas, simplesmente, pinçar alguns pontos, visando ajudar as pessoas a entenderem um pouquinho mais algumas das questões e matizes que envolvem esta tão controvertida sexualidade humana.



Nenhum comentário:

Postar um comentário